Exmo. Sr.
Carlos Antônio Vieira Fernandes
Presidente da FUNCEF
Nós, aposentados da CAIXA e empregados da ativa, participantes da FUNCEF, nos deslocamos de diversos estados do país, num enorme sacrifício financeiro e físico, para, em conjunto, trazermos nossa posição quanto ao cenário devastador que estamos enfrentando:
1) Registramos nosso veemente repúdio a cobrança desses aportes!
Entendemos que a patrocinadora, CAIXA, ao indicar o quadro diretivo da FUNCEF, ocupando cadeiras que são determinantes para a aplicação dos nossos recursos, e ainda, sob a tutela do VOTO DE MINERVA, instrumento impositivo de sua vontade, chamou para si a responsabilidade única dos resultados dessas incursões.
Importante registrar que, mesmo após as diversas denúncias efetuadas na CPI DOS FUNDOS DE PENSÃO, e, ainda, tantas outras denúncias gravíssimas elencadas no corpo da Operação LAVAJATO, envolvendo diretamente a FUNCEF e tantos outros Fundos de Pensão, a CAIXA não só manteve como reconduziu os mesmos diretores indicados para mais um período à frente da gestão dos “nossos” recursos. Gestores esses que tanto atuavam na contramão da governança ética que foram presos e impedidos, por força de decisão legal, de qualquer proximidade com a FUNCEF.
CAIXA – 100% responsável pelos déficits na FUNCEF!
2) Pedimos SUSPENSÃO dessas cobranças, haja vista a operação da Polícia Federal, GREENFIELD, na qual a gestão temerária é evidenciada e as investigações pertinentes estão em curso. Não aceitamos a cobrança desses valores extraordinários, sem a depuração dessa conta. Absurdo raciocínio e desrespeito aos trabalhadores persistir nessa condução, sem que seja devidamente elucidada, a efetiva origem desses déficits gigantescos e sem que sejam empreendidos os esforços legais para retorno desses ativos e punição dos autores desses possíveis ilícitos.
3) Pedimos a instalação, no âmbito da FUNCEF, de processo de apuração de responsabilidades, com as devidas ações de regresso contra todo e qualquer empregado dessa fundação (especialmente os ocupantes de funções no alto escalão da administração) que tenha agido em desconformidade com os princípios éticos de governança, e que tenham contribuído para esse desfecho, independentemente das ações em curso na Polícia Federal ou em qualquer outra instância.
4) Pedimos o FIM da alçada de R$ 500 milhões, da Diretoria de Investimentos. Essa alçada expõe o Fundo a riscos inaceitáveis e premia a contramão da governança ética, fragilizando enormemente a gestão compartilhada e, portanto, o processo decisório.
Pedimos que nos seja apresentado relatório com todas as operações efetuadas sob esse regime.
5) Pedimos atuação rigorosa no desembaraço do contencioso em relação a CAIXA. Os participantes não podem ser onerados por gestão incompetente que tenha permitido acumular esses valores oriundos de um histórico de passivo trabalhista.
6) Pedimos a extinção oficial do VOTO DE MINERVA, a fim de que esse instrumento não se perpetue como alternativa injusta para fazer impor interesses temerários e que obviamente conflitam com os interesses legítimos dos participantes.
7) Pedimos a reestruturação da FUNCEF, com imediato enxugamento de quadro de empregados, definição clara de critérios de competência e conduta, e abandono de qualquer prática fisiologista que incentive contratações movidas por parentesco direto, indireto, laços de amizade ou pedidos oriundos do ambiente político.
8) Pedimos extinguir a possibilidade de acumulação de funções, a fim de evitar o já alegado conflito de interesses de dirigentes assentados no conselho de investidas, bem como o destino da respectiva remuneração, visto que já são remunerados pela fundação. Revisão de salários e adequação ao momento singular da Fundação. A situação é gravíssima, exige coerência e o patamar de remuneração precisa respeitar a peculiaridade deste cenário. É expectativa dos participantes que a alta direção compreenda a legitimidade desse anseio.
9) Pedimos a divulgação dos nomes e atribuições do quadro diretivo da fundação, discriminando qualificações profissionais e atividades desempenhadas.
10) Pedimos interrupção de contratos celebrados, tanto no âmbito jurídico quanto em consultorias diversas, que não tenham comprovada necessidade de prosperarem. A redução de custos é imperiosa.
11) Pedimos que se busque privilegiar a contratação de profissionais oriundos da CAIXA, ativos ou aposentados, que não incorram em oneração desproporcional para a folha de pagamentos, haja vista a familiaridade desses profissionais com a previdência e, ainda, haja vista o compromisso dos mesmos com a missão da fundação.
12) Pedimos o aprimoramento dos canais de comunicação com os participantes, onde o foco seja a mensagem clara, direta, sem armadilhas de rebuscamentos que confundem ao invés de informar.
13) Pedimos a gestão, com o apoio do órgão competente, para identificação, na página da FUNCEF, nas redes sociais, de perfis criminosos que vem intimidando, ao longo de criação desse recurso, a participação legítima dos assistidos.
14) Pedimos atuação rigorosa junto a PREVIC, para impedir que prospere o entendimento aviltante daquela autarquia e que afronta o princípio básico da paridade. Os participantes exigem que esse entendimento seja vigorosamente rechaçado.
15) Pedimos que sejam reavaliados os contratos dos ativos imobiliários, para que se busque retorno justo e atualizado para os inúmeros imóveis da FUNCEF, espalhados pelo Brasil.
16) Pedimos que, com foco na redução de custos, se recorra a Engenharia da CAIXA para procedimentos de reavaliação de imóveis.
17) Pedimos que seja reavaliada a carteira de empréstimos para os participantes, a exemplo do que ocorre no mercado, inclusive na própria CAIXA. É urgente que se ofereça alternativas de renegociação e, ainda, condições de concessão justas, com taxa que não comprometa o equilíbrio da carteira , mas que também não incorra em sacrifício desproporcional para os tomadores.
18) Pedimos que a orientação estratégica atue com a agilidade que o mercado e o cenário requerem para reverter, redirecionar e alocar investimentos, observando as oportunidades que sinalizem melhor retorno dos ativos investidos.
19) Pedimos que se exija do Conselho Deliberativo que atuem na velocidade que a grave situação requer, não postergando votações que impactam no resultado dos objetivos de retorno buscados e no aprimoramento fundamental das boas práticas de governança. Registre-se que essa agilidade necessária e imperiosa no mercado não pode ser usada para inibir ou dificultar a atuação dos conselheiros eleitos pelos participantes.
20) Pedimos que as decisões da alta direção sejam conduzidas de forma “colegiada”, inibindo a prática de “decisões unilaterais” que fragilizam o processo.
21) Pedimos que a FUNCEF atue, simultaneamente, com a agenda corretiva das ações passadas ( que trazem repercussões dramáticas) e com a agenda de sustentabilidade da fundação, buscando trazer novos associados. E isso só será conseguido a partir do resgate da credibilidade tão comprometida.
A FUNCEF não tem valor intrínseco. Ela tem o valor que se lhe conferimos com o suor de nosso trabalho. Somos trabalhadores que tem histórico de uma vida de dedicação a patrocinadora e a sociedade brasileira.
Exigimos e merecemos ser respeitados e atendidos. O que pedimos é o justo! O que queremos é o terceiro maior Fundo de Previdência do país ser gerido de maneira séria, competente, ágil e que não se confunda com um elefante branco transformado em cabide de empregos e a serviço de compadrios.
Os aposentados estão devastados com esse quadro!
Os aposentados estão revoltados com esse quadro!
Aposentados e empregados da ativa dizem NÃO AO APORTE!
Pedimos que o retorno a essa carta aberta seja oferecido a todos os participantes, o mais breve possível, através dos canais públicos de comunicação: site da FUNCEF e página na rede social. Registramos nossa expectativa de 10 dias para retorno das considerações de V.Sa.
Agradecemos sua atenção, desejamos êxito nesses termos e propósitos.
NÃO AO APORTE! QUEREMOS JUSTIÇA!
Participantes da mobilização de 20 de fevereiro de 2017.