Sérgio Salgado
Assim que um grupo de participantes da nossa Fundação tomou conhecimento da realidade da Operação Jaú, denunciada pela revista Veja em junho de 2011, via Análise-Denúncia do Domingos Saboya, negociata praticada pelos gestores da Petros em dezembro de 2010 e aprovada por unanimidade pelos Conselheiros da Petros, tanto os Eleitos quanto os Indicados pela patrocinadora, assustado com a ousadia praticada e que envolveu perto de 1/3 de todo o patrimônio da Fundação naquele instante, transferindo 6,7% da Renda Fixa, apoiada em NTNB´s com rendimento dentro da meta atuarial, para seu equivalente em Renda Variável, representada em ações ON da holding Itaúsa (R$ 3,09 bilhões), completamente sem liquidez no mercado, o que resultou em um prejuízo em dezembro de 2015 de mais de R$3 bilhões em nosso déficit, resolveu focar estudos nos seus demais investimentos.
Foi mesmo um show de horrores, estava tudo errado.
O resultado desse trabalho persistente permitiu que nosso grupo se solidificasse e mantivesse estreita e constante vigilância sobre o patrimônio do nosso Fundo de Pensão. Em 2016, patrocinamos Abaixo Assinado que colheu mais de 3.100 adesões, pedindo a destituição dos então gestores da PETROS, em prol da “contratação de executivos independentes e comprovadamente habilitados para os cargos previstos no Estatuto da Petros”.
Ao não concordar com o uso político que se fez na gestão dos nossos ativos, elaboramos centenas de análises e com elas fizemos outras tantas representações junto aos órgãos que deveriam fiscalizar os fundos de pensão.
Nos últimos anos vimos questionando gestores e conselheiros por aprovarem investimentos que não resistem à mais comezinha análise de risco/rentabilidade. Alguns deles foram objeto de análise documentada, que apresentamos a instâncias de controle como PREVIC, MPF-DF, MP-RJ, MP-SP, TCU, CVM, POLÍCIA FEDERAL, OPERAÇÃO LAVA-JATO e CPI dos fundos de pensão, cujo relatório final produziu como resultado recente uma nova Operação investigativa, chamada de Greenfield.
Portanto, há mais de 6 anos, esse pequeno grupo de participantes vem dedicando parte considerável de seu tempo para acompanhar, analisar e esmiuçar as operações da PETROS.
Na ocasião, sofremos críticas de todos os lados, incluído os próprios Representantes dos participantes pela nossa opção. Hoje, temos uma diretoria profissional e competente como almejávamos, a comprovar que estávamos no caminho certo ao responsabilizar os gestores pelas perdas patrimoniais sofridas pela Petros em escala bilionária. Tanto assim é que um dos integrantes do nosso grupo foi escolhido para integrar o Comitê de Investimentos da Petros, pelos mesmos representantes dos participantes que antes duvidavam da consistência de nosso trabalho.
A atual diretoria, comandada agora por Técnicos especializados (banindo a incompetência político partidária) e presidida pelo Sr. Wálter Mendes, por nós contatada, nos recebeu em 8 de dezembro de 2016 para um encontro, já por nós relatado. Tudo aquilo que ali conversamos, está resumido e expresso no anexo da Revista Exame.
Fomos surpreendidos, agradavelmente, pela franqueza das opiniões do Sr. Wálter Mendes. Mais que isso, a sequência de decisões por ele tomadas em relação ao que estava acontecendo com o nosso Plano, e que vem sendo, dia a dia, posto a nu.
Pena, muita pena, foi a postura de um dos conselheiros eleitos, atual presidente do CF, diante da publicação da nova Política de Investimentos 2017/2021, assumir como sendo fruto da atuação desses conselheiros a mudança de rumos e a revisão na nova postura para a política de investimentos 2017/2021. Perdeu a oportunidade de não escrever bobagens.
“Política de Investimentos: boas notícias
A Diretoria de Investimentos da Petros apresentou ao Conselho Fiscal a Política de Investimentos 2017-2021 aprovada pelo Conselho Deliberativo da Petros.
Há, por parte desta nova política, sinais claros de que a Petros finalmente começou de fato a ouvir nossos constantes clamores por reduzir a exposição a riscos dos planos de benefícios, em especial do Plano Petros do Sistema Petrobrás. Os limites de exposição foram alterados de forma radical, com um plano claro de desinvestimentos dos ativos mais expostos, com migração para a renda fixa, leia-se, títulos públicos, e veto a investimentos em FIPs (Fundos de Investimentos em Participações), como o FIP Global Equity, citado acima.
Com esta mudança, parece que se consolida uma trajetória diferenciada para dar mais segurança a participantes e assistidos de nossos planos de benefício.
Entretanto, esta é uma longa caminhada, já que o momento para a saída de alguns ativos tem que ser estudado com calma e sobriedade.
Estamos de olho.”
Ronaldo Tedesco – conselheiro eleito
Como se percebe da entrevista à Revista Exame, do Sr. Wálter Mendes, inserida no anexo, estava mesmo tudo errado e o show de horrores que ele viu ao assumir a presidência da Petros, aliás o mesmo show que durante longos e cansativos 6 anos nosso grupo denunciou inocuamente a esses mesmos conselheiros, sendo por eles tratado como irresponsáveis e até mesmo como terroristas, é uma realidade que certamente deve estar tirando o sono dessa nova diretoria.
Os conselheiros eleitos, na maioria dos casos, ficaram calados. Em outros, defenderam abertamente a loucura praticada por gestores irresponsáveis e mais interessados em atender à lógica partidária (lembrar de Itaúsa e Sete Brasil), enquanto nosso grupo se manteve sempre na trincheira da resistência contra os desmandos da gestão e da complacência deles, Conselheiros, tanto os indicados pela patrocinadora, quanto os eleitos que, por vínculos políticos/sindicais, não exerceram plenamente suas funções em defesa de nossos interesses.
Da mesma forma que o Sr. Wálter Mendes nos disse que até assinaria a Carta Aberta a ele entregue durante aquele nosso encontro de 8/12/2016, fechamos agora com ele: estava mesmo tudo errado com o deficitário, bagunçado e mal gerido Fundo de Pensão da Petrobrás.
O resultado de tantos erros não apontados pelos responsáveis, só podia desaguar nesse show de horrores.