A “SINUCA DE BICO” DA PETROS

O ano de 2016 começou de forma amarga para os participantes do plano PPSP da PETROS com a estimativa de um déficit elevado, e terminou com uma nova diretoria que, enfim, acabou com a má administração de nosso patrimônio.

Hoje, e esperemos que para sempre, a PETROS se apresenta com uma diretoria de alto nível técnico e profissional.

Entretanto, esses profissionais não conseguirão, nem fácil e nem rapidamente, tirar ​seu principal plano, o PPSP, da “sinuca de bico” em que el​e se encontra​.​

Realmente, essa popular expressão é a que melhor define o resultado de mais de uma década de gestões nefastas, onde prevaleceram interesses inconfessáveis e que, sem escrúpulos, não consideraram o objeto nem a estratégia de investimentos que um plano de previdência maduro exige.

A partidarização política e sindical, onde a indicação de gestores e fiscalizadores sem base técnica para ocupar cargos de relevante importância, foi catastrófica para o desempenho da Fundação PETROS, em particular​ no seu plano PPSP​, onde ainda se concentra a maior parte dos ambicionados recursos da Fundação​.

As consequências foram:

– Déficit de R$ 24 bilhões;
– Patrimônio desbalanceado entre renda fixa e variável;
– Renda variável altamente concentrada em ativos pouco rentáveis e ilíquidos;
– Acordos com a Patrocinadora sem entrada no caixa do principal.

Hoje a PETROS, no seu plano PPSP, precisa correr contra o tempo, inclusive para buscar reparação financeira de dezenas de investimentos temerários e, punição exemplar para todos os envolvidos.

Atualmente o PPSP tem 17.110 participantes ativos e 60.420 assistidos, que demandam R$ 5 bilhões/ano para o pagamento de pensões.

Os investimentos em renda variável altamente concentrados e sem liquidez não permitem a alternância de posições no portfólio, de modo a obter ganhos com valorização e dividendos.

Esse “engessamento”, em algum momento, obrigará a administração da PETROS a ter de escolher entre vender com prejuízo, ou se desfazer de rendimentos saudáveis e adequados de renda fixa. Uma escolha de Sofia.

O AOR ​(Acordo de Obrigações Recíprocas) celebrado com a Patrocinadora, aonde só se paga o rendimento, deixando o principal para ser pago em petróleo em 2028, asfixia o caixa do PPSP, já que não se conta com o montante principal para buscar melhores rendimentos. Esse valor está hoje na casa dos R$ 12,8 bilhões, sem liquidez para o nosso PPSP.

A alteração da garantia do AOR de títulos públicos para o equivalente em poços ou barris de óleo e gás, introduziu um tremendo problema potencial de liquidez. Além disso, se a negociação foi feita em volume de petróleo e não em valor, pior ainda, pois se acrescenta o risco de mercado. Foi péssimo, só traidores dos seus representados assinariam uma alteração dessas.

Esses são os grandes desafios, que nos limitam na busca da meta atuarial e colocam o PPSP literalmente numa “sinuca de bico”

Abdo Gavinho
Domingos de Saboya
Raul Rechden
Sérgio Salgado