Reunião com Presidente da PETROS – ATA

Rio de Janeiro, 8 de dezembro de 2016

 

REUNIÃO COM O PRESIDENTE DA PETROS

 

PETROS

Presidente da Petros Walter Mendes

Gerente de Comunicações, Jornalista Maria Tereza Carneiro

 

DISCREPANTES – S.O.S. PETROS

Abdo Gavinho,

Maria Alice Vianna,

Marilena Maçol,

Raul Correa Rechden,

Sérgio Salgado,

(Domingos de Saboya não pôde comparecer devido problema pessoal)

 

Inicialmente previsto para durar 1 hora e trinta minutos, o encontro teve a duração ampliada em mais uma hora.

 

Abdo Gavinho fez a leitura com a visão deste grupo de participantes em relação aos momentos conturbados porque passa a PETROS, incluindo entrega de alguns documentos.

 

Leia aqui:

https://discrepantes.com.br/presidente-da-petros-recebe-o-discrepantes-s-o-s-petros/

 

Walter Mendes agradece as palavras de confiança e diz que quase poderia assinar o nosso documento.

 

DESVIOS DE GOVERNANÇA

 

Informa que no último ano e meio tem sido feita alteração na governança da Petrobras. Exemplificou com o relato da reativação do Comitê de Remuneração e Sucessão. Diretoria, gerentes executivos, conselheiros, da Petrobras e subsidiárias, todos passam agora por este Comitê que analisa e dá parecer positivo ou negativo para o Conselho de Administração.

 

Esta orientação também está se estendendo à Petros. Em relação ao passado, houve avanço nesta questão, ou seja, a Petros está empenhada em fazer mudança na Governança. Tem que acontecer e é neste aspecto que a questão da profissionalização no fundo de pensão é essencial. Temos que evitar o uso dos fundos de pensão por parte dos diversos Governos como fonte de investimentos. Precisamos de uma Gestão competente e confiável.

 

INVESTIMENTOS

 

Na área de investimento com risco citou exemplos como os CCB´s (Certificados de Crédito Bancário) que a Petros comprou, sem rating de agentes, a rodo. Risco elevado como os feitos pela Petros em FIP’s – Private Equity, que aplicou em 32 fundos e pior, não houve bom acompanhamento pela Petros pois não existia e não existe estrutura. Tem que se ter responsabilidade com o dinheiro aplicado.

 

Em ações, o caso BR Foods e Itausa tiveram uma concentração alta, implicando em risco enorme e falta de liquidez.  BR Foods significava 33% da posição em ações, e Itausa cerca de 12%. Não se pode ter uma concentração desse tamanho por que implica num risco enorme.

 

Raul Rechden informa que estudo feito pelo grupo apontou que o investimento em Itaúsa retirou 6,5% do ativo líquido do PPSP, para compra de um ativo de renda variável sem liquidez. Negócio sem qualquer justificativa, aliás um péssimo negócio.

 

Com a queda de juros no período de 2010-2012 (só afetou alguns fundos de pensão, portanto um problema seletivo na visão do presidente da Petros), a busca pela rentabilidade permitiu descuidos inoportunos nos ativos da Petros.

 

Sem preocupação com os riscos envolvidos, a troca da renda fixa pela variável não solucionou nossos problemas, ao contrário, tornou-os mais sérios.

 

Sua explicação sobre como investir em ativos variáveis foi a confirmação de tudo aquilo que nosso grupo vem expondo nestes vários anos.

 

Abdo Gavinho comenta que não dá para passar uma régua sobre o que ocorreu – necessário buscar responsabilidades para que isso não volte mais a ocorrer. É necessário que a Petros se habilite nos acordos de leniência. Se não entrar, os prejudicados não serão reembolsados.

 

Walter Mendes retoma a questão Itaúsa e Sérgio Salgado explica a ele a questão das punições sobre o Luiz Carlos Afonso e sobre a Camargo Correa que causou prejuízo à Petros (segundo a PREVIC) de ao menos R$ 151,5 milhões.  Entrega a análise do Domingos de Saboya incluindo sua resposta ao Boletim 61 da Petros, que o ameaçou com ação judicial. Raul Rechden também entrega resposta dada pela Petros, assinada pelo Luiz Carlos Afonso, à representação que fizemos.

 

Outro caso mencionado foi o da Valia (fundo de pensão da Vale) como contraponto aos problemas dos grandes fundos (Previ, Petros, Funcef, Postalis). Seus gestores souberam sair da renda variável e, como resultado, apresentou superávit aos seus participantes.

 

Walter Mendes mencionou ter tomado posse em 2 de setembro de 2016 e que o novo Diretor de Investimentos já está fazendo levantamento dos casos problemáticos. Informou ainda que já estão sendo feitas denúncias à CVM sobre ao menos 4 fundos e seus gestores.

 

Houve também reunião com o procurador da Operação Greenfield em Brasília quando ele expôs sua total colaboração em ocorrências em que a Petros esteja envolvida ou foi envolvida.

 

Como resultado imediato da operação Greenfield, a Procuradoria firmou acordo com a JBS para a recompra do FIP Eldorado, considerando afirmações dos Batistas que o investimento não dava prejuízo e era rentável.

 

Walter Mendes é de opinião que mais do que responsabilizar as pessoas nas gestões passadas que causaram prejuízo à Petros, deve-se buscar trazer recursos de volta.

 

Insistimos que, mesmo com possibilidade remota da recuperação de vários desses valores, alguns, por sinal, muito pequenos, é importante buscar punição exemplar dos autores e responsáveis de forma a que fique demonstrado para os próximos gestores que isso é inaceitável.

 

O objetivo de cada caso é recuperar os investimentos ruins feitos no passado. Walter Mendes afirmou que a PETROS não pretende, na atual conjuntura, realizar aplicações em renda variável.

 

Mencionou que a PETROS atualmente tem dois grandes planos, o PPSP onde “saem” recursos da ordem de R$ 5 bilhões por ano com o pagamento dos benefícios e que é um fundo maduro, mas cheio de ativos em participações e FIP’s ilíquidos, e que 8% está aplicado em imóveis e 53 % em renda fixa.

 

O outro plano é o PP2 onde os recursos “entram”, com estimativa de “saída” apenas em 2042.

 

Retornou-se ao assunto de investimentos e Walter Mendes mencionou que no caso das ações da CPFL, elas foram vendidas e, até março de 2017, a Petros deve receber os recursos.

 

Por outro lado, o caso Itausa foi ruim e causou um enorme prejuízo.

 

A questão hoje é vender as ações da Itausa a preço justo e comprar renda fixa para alcançar a meta atuarial.

 

A BR Foods teve um resultado positivo. A JBS também foi positivo e subiu recentemente e a Petros está vendendo as ações, inclusive da PETROBRAS.

 

Os ativos estão sendo estudados de forma a que se possa sair de cada um deles com o menor prejuízo possível. Situação extremamente complicada que vai gerar críticas de todos os lados.

 

É uma corrida contra o tempo.

 

No caso da Invepar, Raul Rechden concorda que foi um negócio bom mas tem recursos que precisam ser retornados. Poderia dar bom resultado não fosse a concessão de Guarulhos, cujos prejuízos estão superando em muito a rentabilidade conjunta de todas as outras concessões administradas pela holding.

 

Raul Rechden faz explanação sobre a questão Invepar e entrega resumo de material que foi apresentado aos procuradores da Operação Lava Jato, em Curitiba/PR. Invepar tem bons investimentos, mas, o grande problema foi o alto preço pago em Guarulhos.

 

Grande beneficiada no investimento foi a OAS, que detinha o privilégio de realizar todas as obras da Invepar sem se submeter a concorrência.

 

Há também registros de R$ 220 milhões em consultorias pagas pela Invepar num período de 2 anos e 9 meses.

 

Invepar praticamente queimou valores recebidos pela venda de bons ativos no Perú.

 

Infraero continua com 49% de participação no aeroporto de Guarulhos em que pese não ter aportado recursos em 2015 para pagar a outorga, e Petros precisa fazer uma auditoria: ou aportar ou sair do negócio. Na visão de Raul Rechden é importante verificar isso.

 

Invepar merece um trabalho dedicado da Petros. PPSP tem quase o total dos investimentos em Invepar.

 

Segundo Wálter Mendes, não deveria estar, mas está e a PETROS não pode transferir para o PP2 porque é proibido por lei, embora seu perfil de investimento de longo prazo seja adequado ao PP2.

 

Segundo Wálter Mendes, no caso da Invepar, é necessário trabalhar para tornar o investimento novamente rentável para depois vender.

 

A nova diretoria está fortemente empenhada em tentar monetizar o que der no PPSP, com preço adequado, que infelizmente não vai recuperar a meta atuarial do passado, mas que seja a preço de mercado hoje e, comprar títulos públicos mais rentáveis para equilibrar o caixa do PPSP.

 

Isso já devia ter sido feito há muito tempo. Hoje é uma corrida contra o tempo para comprar ativos em papéis públicos. O problema é que o PPSP está “engessado”.

 

Sérgio Salgado levanta a questão do Opportunity e entrega descrição sobre acordo judicial que gerou saída de R$ 167 milhões. Revela problemas antigos com o Jurídico da Petros que deveriam ser devidamente apurados.

 

TRANSPARÊNCIA E COMUNICAÇÃO

 

Petros criou e vai enviar aos participantes do PPSP e do PP2 as informações relativas as rentabilidades dos fundos.

 

Sérgio Salgado ressaltou a importância da transparência dos atos praticados principalmente no tocante aos investimentos feitos.

 

Abdo Gavinho expõe a questão dos problemas de Comunicação da Petros.

 

A Gerente de Comunicações, 3 anos de Petros, entrou na gestão do Carlos Costa, faz uma rápida exposição do que está sendo feito na área.

 

Por sua vez, Walter Mendes, ressaltou a fiscalização pública da PREVIC e do MP que tem sido mais intensa e na questão da transparência, entende que tem que se tomar cuidado ao que informar aos participantes. Mas que em situação de crise, a transparência tem que ser feita. As informações serão passadas aos participantes do PPSP e do PP2 mas de forma separada.

 

Com relação às informações atrasadas informou que ainda existem deficiências administrativas. Walter Mendes fala sobre a busca pela Transparência. Será dada atenção especial às informações dos relatórios, bem como diminuição do tempo de publicação. Informa que há muita ineficiência administrativa.

 

A Petros conta atualmente com 444 pessoas trabalhando mas há ineficiência na organização pessoal.  Os números da área de investimento demoram a acontecer. Crê que precisa ser melhorada. Atualmente são 4 Diretorias e recém empossado o Diretor de Finanças.

 

Sugeriu que agendássemos uma nova reunião com a presença do novo Diretor Financeiro.

 

A análise do Saboya foi o despertar do nosso grupo para a realidade do que estavam fazendo com os nossos benefícios.

 

Walter Mendes ressaltou que é imprescindível a manutenção do sigilo das informações relativas à área de investimentos. Não se diz que vai se vender este ou aquele ativo. Esse tipo de informação não pode ser passada ao mercado, pois derruba o valor do ativo.

 

Mencionou o fundo Enseada, grupo Gradiente, que está em falência no qual a Petros aplicou R$ 17 milhões e que foi negociado por 30 meses.

 

Walter Mendes tem questionado muito os investimentos feitos pela Petros. Em 21 de dezembro será feita uma apresentação ao Conselho Deliberativo sobre a política de investimentos de 2017 e que será enviada para PREVIC e, fazendo um diagnóstico dos investimentos que tenham problemas maiores.

 

EQUACIONAMENTO DO DÉFICIT

 

A Petros está obrigada a encaminhar até 31 de dezembro o seu plano de equacionamento do déficit. Aumentar a liquidez do PPSP é o objetivo e após encaminhar a PREVIC, informar aos participantes deste objetivo.

 

Houve uma perda de 9,7% de receita (perda nominal) com o atual PIDV concedido aos funcionários pela Petrobras, ou seja, com a saída dos funcionários mais novos da empresa, não haverá mais contribuição à Petros. Houve aumento de despesas jurídicas também.

 

À pergunta da Marilena Maçol sobre as ações de níveis, RMNR etc., Walter Mendes explica já haver alguns entendimentos e acordos com a patrocinadora para se tentar ressarcimento. Afirma não ter qualquer problema em cobrar valores da Petrobrás, ainda que indicado ao cargo por ela.

 

Esses acordos devem ser bem feitos e envolvem TCU, PREVIC, etc..

 

Houve aumento de receita devido ao reconhecimento da Petrobras em relação ao RMNR do período 2007-2011, no montante de R$ 180 milhões. A partir de 2011, a Petrobras já tinha assumido o déficit.

 

Walter Mendes faz avaliação da proposta de discussão do equacionamento que envolve a questão da duration do plano (1,5 para valores mínimos e 3 para valores elevados). Há também proposta junto ao CNPC (via Abrapp) para aumentar o prazo do equacionamento. Há ainda discussões sobre o adiamento da apresentação do plano de equacionamento.

 

Sérgio Salgado comenta a falta de qualquer movimentação na carteira de ativos (seleção) durante o ano de 2015, sob a gestão Henrique Jäger.

 

Abdo Gavinho levanta o assunto Separação de Massas.  Levantados os problemas que teriam sido causados no total do déficit pela questão dos 90% dos benefícios e também da Família Real. Em nossa opinião uma clara tentativa de inflar o déficit, cuja origem e peso estão dentro da questão dos investimentos temerários.

 

Sérgio Salgado fala sobre pedido feito pelo Domingos Saboya, explicando sua total indignação pelo que ocorreu na Petros, confirmando afirmações feitas no início dos anos 2000 pelo ex-presidente da Petros Carlos Flory, que o PPSP seria finalizado de um ou de outro modo. Marilena também explica dados encaminhados a ela pelo Saboya sobre o mesmo assunto.

 

Pagamento do equacionamento será paritário entre participantes e patrocinadora. Deduzimos que o valor ficaria em torno dos 10%.

 

Há uma forte preocupação da Patrocinadora e da Petros em articular soluções, junto aos órgãos de controle, para minorar e/ou alongar para o Participante o equacionamento do déficit.

 

Abdo Gavinho agradeceu em nome do grupo o proveitoso e esclarecedor encontro, registrando que em nossa avaliação, superou em muito as nossas expectativas pela franqueza e objetividade.

 

Walter Mendes informa que também ficou muito satisfeito com nossa reunião e impressionado com a qualidade do trabalho de acompanhamento feito pelo nosso grupo.