Pequena História de um Fundo Chamado Multiner

Análise das Contas do Postalis – Setembro/2016 | Correios do Brasil – Funcionários

Na análise das contas do Postalis, referentes a Setembro/2016, observa-se a continuidade da tendência verificada no ano. De um lado, boa notícias no Postalprev, mantendo um rendimento das aplicações (12,4%) de quase 2% acima da meta atuarial no período (10,5%). Do outro lado, a costumeira má notícia do Plano BD que amargou um déficit de quase R$ 195 milhões no mês, atingindo um déficit de mais de R$ 870 milhões no ano e um déficit acumulado que já está quase na casa dos R$ 2,4 bilhões.

A explicação da diferença de desempenho entre os planos é simples e está na qualidade dos seus investimentos. Enquanto o Postalprev está com mais de 60% do seu patrimônio aplicado em Títulos Públicos Federais, o Plano BD não chega a 30%. Por outro lado, no lado dos famigerados investimentos estruturados, enquanto o Postalprev está com pouco mais de 1% do seu patrimônio (R$ 50 milhões) investido nessas aplicações, o Plano BD está com quase 20% (R$ 915 milhões), e só não está mais graças às perdas ocorridas, como a que trataremos mais à frente. Merece destaque também a qualidade das aplicações em renda variável (ações), que no Postalprev vem apresentando um rendimento positivo de 23,4% no ano, ao passo que no Plano BD temos a lastimável performance de -36,5%.

O grande vilão do mês no Plano BD foi o FIP Multiner, não por acaso um dos focos de investigação da Operação Greenfield. O referido fundo, que no mês de agosto/2016 contava com uma particição do Postalis avaliada em mais de R$ 242 milhões, sofreu um impacto negativo em suas cotas no mês de setembro, levando a uma queda de quase R$ 185 milhões no valor da participação do Postalis que, de um mês para o outro, passaram a valer pouco mais de R$ 57 milhões.

As aplicações no FIP Multiner ocorreram em 2009. O Diretor-Presidente e Administrador Estatutário Tecnicamente Qualificado (AETQ) era Alexej Predtechensky. O Diretor Financeiro e Coordenador do Comitê de Investimentos era Adilson Florêncio da Costa.

A primeira aquisição de cotas pelo Postalis no FIP Multiner ocorreu em 19/02/2009, no valor de R$ 80,2 milhões à época. Em 02/12/2009, o Postalis adquiriu mais R$ 25,8 milhões de cotas do mesmo fundo.

Segundo fiscalização da PREVIC, nenhum dos documentos que “embasaram” a decisão de investir foi produzido pelo Postalis ou para o Postalis. Em 2007, a Multiner S.A. tinha registrado um prejuízo de R$ 60 milhões, para um capital integralizado de R$ 728 mil. Em 2008, o foi de R$ 12 milhões. O Portfólio da Multiner compreendia mais de uma dezena de usinas termoelétricas, mas, na época, apenas uma estava em operação.

Alguns dos riscos não considerados pelo Postalis, de acordo com a fiscalização da PREVIC:

Ano Prejuízo em R$
2007 60,3 milhões
2008 11,9 milhões
2009 57,5 milhões
2010 123,8 milhões
2011 349,1 milhões
2012 57,6 milhões
2013 112,3 milhões
2014 102,9 milhões

Desde do fechamento do exercício de 2014 que o Conselho Fiscal vem recomendando a reprovação das contas do Plano BD, sendo uma das razões a de que não se pode atestar que o valor contabilizado do patrimônio no Plano BD realmente vale o que consta do seu balanço. O que ocorreu no mês de setembro/2016 com o FIP Multiner, é o mesmo que já ocorreu com outros investimentos, onde de uma hora para outra se percebe que aquilo que estava avaliado em milhões, na verdade, vale muito pouco ou nada.

http://correiosdobrasilfuncionarios.blogspot.com.br/2016/11/analise-das-contas-do-postalis.html?m=1#more