Empresa de Palocci fechou pelo menos 44 contratos de 2007 e 2016

DASA – INVESTIMENTO PETROS EM QUE PERDEMOS MAIS DE R$150 MILHÕES

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A Projeto, empresa de consultoria do ex-ministro Antonio Palocci, fechou pelo menos 44 contratos entre 2007 e 2016, segundo documentos apreendidos pela Polícia Federal na 35ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Omertà”. Os pagamentos mensais variavam de R$ 15 mil a R$ 50 mil por mês e a maioria previa, segundo relatório da PF, cláusulas de êxito que previam remuneração extra. Os documentos mostram que o ex-ministro recebeu valores milionários de algumas empresas.

SAIBA MAIS

O empresário do setor de saúde Edson de Godoy Bueno, dono da Amil, por exemplo, fechou contratos com Palocci que superaram R$ 20 milhões entre 2009 e 2014. Os documentos mostram que Bueno contratou a Projeto em agosto de 2012 por R$ 2 milhões para serviços de consultoria empresarial e financeira. Em outubro de 2012, foi assinado um aditivo que previa o pagamento de mais R$ 12 milhões a título de remuneração de êxito pela venda da participação na empresa JPLSPE. Em 2014, um segundo aditivo previu o pagamento de mais R$ 6 milhões pelo êxito na compra de participação de pelo menos 40% na empresa Dasa – Diagnósticos da América Sociedade Anônima. A compra das ações da rede de laboratórios foi concretizada e aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com Edson Bueno e Dulce Bueno passando a deter mais de 70% das ações.

Notas fiscais mostram ainda pagamentos da Amil para a empresa de Palocci no valor de R$ 6 milhões, entre dezembro de 2009 a dezembro de 2010, também vinculados a contratos de consultoria.

O ex-ministro Márcio Thomas Bastos, já falecido, fez pagamentos de R$ 5,5 milhões a Palocci entre 2009 e 2010, conforme notas fiscais apreendidas. Entre os documentos estão um contrato fechado pelo escritório de Bastos com a Projeto, no valor de R$ 1,5 milhão, em dezembro de 2009. Uma carta mostra ainda que Bastos, que foi ministro da Justiça, fez um pedido de assessoramento para a Projeto, para que atuasse na compra da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, e previu pagamentos de R$ 6,4 milhões.

O Grupo CAOA também recorreu aos serviços de Palocci. Os pagamentos chegaram a R$ 6 milhões.

O relatório da PF ressalta que os contratos de consultoria financeira e econômica foram fechados com empresas dos mais diferentes setores da economia – frigorífico, imobiliário, financeiro – embora a empresa Projeto tivesse apenas três sócios e cinco funcionários – um administrador, um assistente administrativo, dois motoristas e um autônomo.

A PF afirma que a menção das empresas no relatório não significa envolvimento em eventuais delitos. Destaca, porém, que entre os materiais apreendidos não foi verificada a presença de documentos que indiquem a prestação dos serviços constantes nos contratos, exceto um caderno de 15 páginas que teria sido produzido para a Amil e relacionado a um contrato de assessoramento firmado com a empresa em 2009.

As empresas foram contatadas pelo Globo para comentar os contratos fechados com a Projeto e ainda não se pronunciaram.

Palocci foi ministro da Fazenda e da Casa Civil. Foi indiciado por corrupção passiva pela Polícia Federal, acusado de ter gerenciado a conta de propina paga pela Odebrecht para o PT, com valor de pelo menos R$ 128 milhões até 2013. Ele teve prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro e está na carceragem da PF em Curitiba.

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