Sérgio Salgado
Finalmente o MPF e a PF entraram firmes na investigação dos absurdos cometidos por todas as gestões dos grandes fundos de pensão estatais, incluindo o nosso, gestões essas que assumiram para corrigir erros passados e que não só não os corrigiram como conseguiram elevá-los ao quase infinito.
Fomos acordados neste último dia 5/9 pela Operação Greenfield que, baseada, principalmente no resultado da CPI dos Fundos de Pensão, incriminou dezenas de dirigentes e ex-dirigentes, bem como empresas que corroboraram para dar um rombo em nossas fundações. Só na Petros foram incriminados 14 pessoas. Houve busca e apreensão em diversos desses envolvidos, incluindo na própria Petros.
Sobre isso a Petros, de Presidente novo, postou um comunicado oficial que nada difere daquilo que presidentes anteriores fizeram, a Justificativa do Nada.
Da parte da gestão da Petros não cabe somente a colaboração com as autoridades competentes, é obrigação abrir Investigação Interna com Analistas Independentes e do resultado dela, se partir para ações práticas na Justiça onde couber, em busca do ressarcimento daquilo que fizeram com nossas economias de uma vida.
Não mais podemos aceitar esse tipo de respostas, dada a gravidade da situação que todos estamos enfrentando e assim, disponibilizo a todos minha indignação através de carta aberta ao novo Presidente.
Sr. Presidente da Petros Wálter Mendes
Petros se posiciona sobre operação da Polícia Federal |
Publicada em 05/09/2016 13:32 |
A Petros informa que está colaborando com a Polícia Federal, com o Ministério Público e demais órgãos responsáveis por investigações que envolvem a Fundação. A decisão judicial que determinou a busca e apreensão nesta segunda-feira (5/9), na sede da Petros, refere-se a documentos de investimentos cujo processo de decisão ocorreu até 2011. A Petros reforça o comprometimento da gestão com a transparência, as boas práticas de governança e a responsabilidade na administração dos recursos. |
É mesmo surreal que, ao se ler a decisão do Sr. Juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney de Souza Vieira, sobre pedido de abertura de investigação contra mal feitos operados por diversos atores nas grandes corporações de previdência complementar, se encontre exatamente 14 (quatorze) dirigentes e ex-dirigentes da Petros envolvidos nessa primeira avaliação de responsabilidades em aprovação de investimentos temerários, inapropriados e, ao que tudo leva a crer, se confirmada a investigação do MPF e da PF, também criminosos, causadores diretos de um rombo histórico e aterrador e, para o qual, nós seus donos, participantes investidores, definitivamente não tivemos qualquer sorte de colaboração.
São eles:
1) Carlos Sezínio de Santa Rosa (*)
2) Humberto Pires Grault Vianna de Lima
3) Humberto Santamaria
4) Luis Carlos Fernandes Afonso
5) Luiz Antônio dos Santos
6) Manuel Cristina Lemos Marçal
7) Maurício França Ruben
8) Newton Carneiro da Cunha
9) Renato de Mello Gomes dos Santos
10) Ricardo Berreta Pavie
11) Roberto Henrique Gremler
12) Rosalia Maria Tereza Sergi Agati Camello
13) Sônia Nunes da Rocha Pires Fagundes
14) Wágner Pinheiro de Oliveira
Na relação acima, lamentamos somente a inclusão do nome do Carlos Sezínio de Santa Rosa, ex-conselheiro do COMIN, indicado pelos Conselheiros Fiscais e Deliberativos eleitos contrapostos à FUP. Sobre ele, a certeza que acabou tendo seu nome envolvido por acreditar, assim como todos nós, antes da operação que aprovou a negociação com os títulos federais NTNB´s e as ações Itaúsa ON, em dezembro de 2010, que os gestores que assumiram a Fundação a partir de 2003 tinham seriedade de propósitos. Essa operação abriu nossos olhos e desmascarou quem estava ou não do lado dos participantes.
Muito mais surreal é a justificativa que encontramos no portal da Fundação, acima e grifada, sobre a Operação chamada Greenfield.
Qualquer entidade, empresa, governo, simples cidadão tem como comprometimento ético e moral atuar perante seus pares com total transparência e honestidade. É insustentável qualquer outra forma de atuação.
Fomos os primeiros a lhe dar boas-vindas pela sua indicação à Presidência da Petros, assim que tomamos conhecimento do seu excelente currículo.
Confessamos nossa imensa decepção pelo Comunicado totalmente insosso, resposta padrão daqueles que nada pretendem fazer, comprometidos que possam estar com o status quo, o que sabemos não é a sua intenção.
Ao que tudo indica, a parte administrativa da diretoria, ainda sob responsabilidade de Diretor subordinado à indicação política partidária, prevaleceu ou se antecipou e respondeu a todos nós como sempre fez: justificando sobre o nada.
Sua vida profissional independente, não fora hoje o Presidente da nossa Fundação, não aceitaria que, se ocorresse o inverso e fôssemos nós seus diretores, fizéssemos esse tipo de Comunicado oficial.
Apesar da “… decisão judicial que determinou a busca e apreensão nesta segunda-feira (5/9), na sede da Petros …“, referir-se “… a documentos de investimentos cujo processo de decisão ocorreu até 2011. “, grande parte dos envolvidos ainda permanece na Fundação ou são conselheiros em empresas cuja participação da Petros é elevada. Uma rápida busca no próprio portal da Fundação (menu Investimentos/Conselheiros em Empresas), identifica os nomes que tanto nos preocupam.
Ex-presidentes e ex-diretores envolvidos permaneceram gerindo a Fundação até 2 de março de 2015. Reflexos desses investimentos, bem como outros novos investimentos (ainda não sob investigação do MPF/PF, mas que, se ocorrer fórmula idêntica à outra Operação que atingiu a Petrobrás, virão também com certeza a público) responsáveis pela atual situação da Petros, ocorreram nesse espaço de tempo – 2011/2015.
Ao se olhar os diversos conselhos (fiscais e administrativos) preenchidos pela Petros em face da sua participação elevada no capital votante de empresas, vários desses nomes estão presentes, representando-a e “representando-nos”, o que é muito mais lamentável pois, além de nos dar, imenso prejuízo, recebem valores elevados por essa atitude. (clique aqui para ver tabela)
Fatos importantes como um Acordo de Níveis entre a Petrobrás e a FUP, que trouxeram um rombo que atinge R$ 3,5 bilhões, foram aceitos pela diretoria que o Senhor está agora substituindo 2015-2016.
Necessário que a nova administração abandone posturas omissas percorridas por todos os últimos gestores que, ao final, ainda concluiu, conforme alegou este último só agora substituído por V. Sa., que a Petros perdeu 25% de tudo que havia aplicado em empresas privadas, porém nada de prático executou para corrigir esse absurdo.
Não se trata de caça às bruxas, mas, sim, de responsabilidade e comprometimento. A omissão com o desonesto, além de imoral é passível de responder às instâncias jurídicas, que é o que o caminho que a PETROS deveria percorrer permanente e inflexivelmente.
Colaborar com a Policia Federal e com o Ministério Público e, ainda muito mais, com os seus participantes investidores, é se antecipar aos fatos e abrir Apuração Interna e Independente, analisando cada operação, idêntica à que, certamente com sua aprovação no Conselho de Administração da Petrobrás, foi executada pela Ernst & Young na rubrica que envolve a Previsão para Devedores Duvidosos, responsável por um total de R$870 milhões em R$1,2 bilhão, grande parte deles aliás acaba de cair nas malhas dessa nova Operação, chamada Greenfield.
Documentos existem e devem ser analisados de maneira a responsabilizar criminalmente seus autores e buscar ressarcimento financeiro dos danos causados e, aí sim, entregar em uma bandeja de prata ao MPF/PF para complementar a ação investigativa e certamente punitiva. Complementarmente há necessidade de se buscar juridicamente, após a comprovação dos malfeitos, o ressarcimento financeiro pelo prejuízo causado por pessoas e empresas.
Está claro que a Operação Greenfield chegará no patamar de apuração que nós vimos denunciando há longos 5 anos, incluindo nela ativos que hoje contribuem para o déficit e para o consequente rombo em nossas contas.
Não há necessidade de lhe lembrar que essa ação de apuração interna vai contribuir de forma direta na diminuição do tamanho da parte do equacionamento que cabe a nós participantes e pode ajudar a diminuir o prejuízo que também teremos com a constituição de bancas de advogados para nos defender de atos e situações para os quais não fomos seus autores.
Não há como deixar de lado, casos como Invepar (em toda sua operação e não somente na proposta que ora se inicia), Belo Monte, Itaúsa, NTNB´s, Lupatech, Telemar, Brasil Pharma, Dasa, Agro Vanguarda, Br Properties, Sete Brasil etc..
Há muito o que “desaparelhar” na PETROS ( clique aqui para ver quadro ) para que se busque resultados com competência e valores éticos pautando a relação com os Participantes.
Caro Presidente, é mesmo muito pouco o que nós buscamos ao lhe dar as boas-vindas.
É somente olhar por nós, milhares de idosos e suas pensionistas, que contribuímos como ativos e agora como assistidos para termos uma velhice suave e confortável e que, surpreendidos por anos de péssimos gestores, acordamos num pesadelo que envolverá o pagamento anual de mais de R$800 milhões de equacionamento do déficit, pelo resto de nossas vidas, considerando-se que a maioria de nós não terá sobrevida de mais 18 anos, prazo estimado para essa cobertura.
Atenciosamente,
Sérgio Salgado