Fundos de Pensão trocam gestão de fundos Multiner e Global Equity Properties

Na tentativa de reduzir suas perdas, os fundos de pensão trocaram recentemente a gestão de pelo menos dois fundos de investimento em participações investigados na Operação Greenfield, deflagrada pela Polícia Federal ontem. São eles os fundos Multiner e Global Equity Properties. Entre eles, o que mais vem causando dor de cabeça aos fundos de pensão é o Global Equity Properties, cuja gestão passou da Global Equity para a Brasil Plural em janeiro deste ano.

Criado com o objetivo de desenvolver projetos imobiliários residenciais e comerciais Brasil afora, o Global Equity contou com o aporte de R$ 800 milhões das fundações Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal), Fapes (BNDES), Petros (Petrobras), Infraprev (Infraero), Celos (Centrais Elétricas de Santa Catarina) e Banesprev (Banespa).

Depois de uma avaliação feita pela consultoria imobiliária Cushman & Wakefield, o patrimônio do fundo ficou negativo em R$ 140 milhões, cifra que os fundos de pensão já foram chamados a cobrir. No portfólio do Global Equity estão 30 projetos imobiliários inacabados, sendo que alguns deles já foram vendidos a pessoas físicas, daí a necessidade de novos aportes. Dívidas bancárias contratadas para a realização das obras também precisam vir a ser honradas, segundo o Valor apurou.

Em um comunicado da diretoria divulgado em seu site, a Celos informa que adotará medidas administrativas e judiciais contra os gestores e pessoas físicas e jurídicas envolvidas, com o objetivo de recuperar o investimento.

Também sob nova gestão, o fundo Multiner está agora com a Vinci Partners, depois de um processo competitivo aberto pelos fundos de pensão (Petros, Postalis, Funcef, Infraprev, Refer, Faceb, Fundiágua e Regius). Antes, teve como gestores a Planner e a Vitória.

Esse fundo de private equity possui uma participação de 48% na holding Multiner, controladora de usinas de geração de energia na qual a Polícia Federal cumpriu ontem mandado de busca e apreensão. O restante das ações pertence ao grupo Bolognesi. Dois parques eólicos e três termoelétricas são os ativos do Multiner, que tem R$ 1,3 bilhão de patrimônio líquido.

Sem entrar em muitos detalhes sobre a estratégia, José Guilherme Souza, sócio da Vinci responsável pela área de infraestrutura, diz que a tarefa da gestora será melhorar as estruturas de governança, gestão e liquidez do fundo. Conta a favor da Vinci o fato de já ter experiência no setor de energia, na reestruturação da Equatorial, companhia que se transformou em uma das consolidadoras do ramo. Recentemente, a Vinci também assumiu o fundo PCH Energia. As demonstrações financeiras do Multiner mostram que desde 2013 o fundo tem rentabilidade negativa.

Segundo a Funcef – o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal -, as trocas de gestor foram feitas “em sua maioria, por insuficiência de desempenho ou por mudanças de estratégia em relação aos ativos do fundo”.

A fundação informa que ainda não é capaz de estimar o retorno do fundo Multiner neste momento porque a empresa encontra-se em meio a uma reestruturação “na qual o controlador possui obrigação de aporte de até R$ 226 milhões até 2020”. Em relação ao Global Equity Properties, a Funcef informa que não há perspectiva de retorno.

Gestora do fundo de 2012 até janeiro, a corretora Planner diz que a Polícia Federal esteve ontem no escritório da empresa em busca de documentos relacionados ao Multiner. Artur Figueiredo, diretor de fundos da Planner, disse não ter tido acesso ao conteúdo das investigações da Polícia Federal e por isso não poderia se manifestar sobre elas.

Antes da Planner, o Multiner era gerido pela Vitória Asset, que pertencia aos sócios do banco BVA, Ivo Lodo e José Augusto Ferreira dos Santos. Este último já foi sócio da Multiner também.

Até o fechamento desta edição, o Valor não tinha conseguido contato com as gestoras Global Equity e Vitória, nem com seus sócios.

http://mobile.valor.com.br/financas/4700271/fundacoes-trocam-gestao-de-fundos