SÃO PAULO – (Atualizada às 11h08) Os fundos de pensão Petros (dos empregados da Petrobras) e Funcef (da Caixa), alvos da Operação Greenfield deflagrada nesta manhã pela Polícia Federal (PF), são donos de 17,06% da Eldorado Brasil, enquanto a J&F Investimentos – da família Batista, dona da JBS – detém 80,9% das ações da companhia. O escritório da Eldorado em São Paulo também foi alvo de busca e apreensão.
A operação de hoje investiga irregularidades em grandes fundos de pensão do país — Petros, Funcef, Previ e Postalis, todos ligados a estatais.
A Eldorado opera uma fábrica de celulose em Três Lagoas (MS), que entrou em atividade em novembro de 2012 após investimento de R$ 6,2 bilhões. E planeja construir uma nova linha, com investimentos de R$ 10 bilhões somente no projeto industrial, com provável novo aporte de capital dos atuais acionistas.
Em entrevistas concedidas anteriormente, o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, indicou que a companhia pretende levantar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões por meio de equity, incluindo a possibilidade de uma oferta pública inicial de ações (IPO).
O FI-FGTS, por sua vez, poderia participar do projeto de expansão com financiamento de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,5 bilhão. Outros R$ 2,5 bilhões podem ser financiados pelo BNDES, R$ 1,5 bilhão pelo Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste e cerca de US$ 700 milhões de agências de crédito à exportação (ECAs, na sigla em inglês) da Europa e da Ásia.
Essa é a segunda vez em pouco mais de dois meses que a Eldorado é alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. Em 1º de julho, a PF deflagrou a operação Sépsis, uma fase da operação Lava-Jato, com base em depoimento de delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, indicado por Eduardo Cunha, que revelou a existência de um suposto esquema de propina para liberação de recursos do FI-FGTS.
Segundo Cleto, o empréstimo de R$ 940 milhões fechado pela Eldorado junto ao fundo para financiar obras relacionadas a sua primeira fábrica teria sido tratado diretamente por ele com o presidente do conselho de administração da companhia, Joesley Batista. Para liberar os recursos, Cleto teria recebido R$ 680 mil em propina.
Logo após a operação, a Eldorado contratou o escritório de advocacia Veirano Advogados e a Ernst & Young “para apuração das alegações relacionadas ao processo de financiamento com FI-FGTS”. Há duas semanas, em nota, a companhia informou que os trabalhos de investigação estavam em andamento e se colocou à disposição para esclarecimentos adicionais.
Esclarecimentos
A holding J&F informou, em nota, que o investimento realizado pelos fundos Petros e Funcef na Eldorado valia, em dezembro, seis vezes mais do que o valor aportado inicialmente.
“A respeito da presença da Polícia Federal hoje nas sedes da J&F e da Eldorado por ocasião da operação Greenfield e que investiga os investimentos dos fundos de pensão por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações), a empresa esclarece que os investimentos feitos pela Petros e Funcef na Eldorado foram de R$ 550 milhões no ano de 2009. De acordo com o último laudo independente (Deloitte) emitido em dezembro de 2015, a participação dos fundos atualizada é de R$ 3 bilhões, ou seja 6 vezes o valor investido inicialmente”, diz a nota.
“A J&F e seus executivos esclarecem que colaboram com as investigações e estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários”, acrescenta a J&F.