Petros e Funcef detêm 17% da Eldorado Brasil, alvo da operação da PF

SÃO PAULO – Os fundos de pensão Petros (dos empregados da Petrobras) e Funcef (da Caixa), alvos da Operação Greenfield deflagrada nesta manhã pela Polícia Federal (PF), são donos de 17,06% da Eldorado Brasil, enquanto a J&F Investimentos – da família Batista, dona da JBS – detém 80,9% das ações da companhia. O escritório da Eldorado em São Paulo também foi alvo de busca e apreensão.

A operação de hoje investiga irregularidades em grandes fundos de pensão do país — Petros, Funcef, Previ e Postalis, todos ligados a estatais.

A Eldorado opera uma fábrica de celulose em Três Lagoas (MS), que entrou em atividade em novembro de 2012 após investimento de R$ 6,2 bilhões. E planeja construir uma nova linha, com investimentos de R$ 10 bilhões somente no projeto industrial, com provável novo aporte de capital dos atuais acionistas.

Em entrevistas concedidas anteriormente, o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, indicou que a companhia pretende levantar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões por meio de equity, incluindo a possibilidade de uma oferta pública inicial de ações (IPO).

O FI-FGTS, por sua vez, poderia participar do projeto de expansão com financiamento de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,5 bilhão. Outros R$ 2,5 bilhões podem ser financiados pelo BNDES, R$ 1,5 bilhão pelo Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste e cerca de US$ 700 milhões de agências de crédito à exportação (ECAs, na sigla em inglês) da Europa e da Ásia.

Essa é a segunda vez em pouco mais de dois meses que a Eldorado é alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. Em 1º de julho, a PF deflagrou a operação Sépsis, uma fase da operação Lava-Jato, com base em depoimento de delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, indicado por Eduardo Cunha, que revelou a existência de um suposto esquema de propina para liberação de recursos do FI-FGTS.

Segundo Cleto, o empréstimo de R$ 940 milhões fechado pela Eldorado junto ao fundo para financiar obras relacionadas a sua primeira fábrica teria sido tratado diretamente por ele com o presidente do conselho de administração da companhia, Joesley Batista. Para liberar os recursos, Cleto teria recebido R$ 680 mil em propina.

Logo após a operação, a Eldorado contratou o escritório de advocacia Veirano Advogados e a Ernst & Young “para apuração das alegações relacionadas ao processo de financiamento com FI-FGTS”. Há duas semanas, em nota, a companhia informou que os trabalhos de investigação estavam em andamento e se colocou à disposição para esclarecimentos adicionais.

Procurada, a Eldorado ainda não se pronunciou até o fechamento desta nota.

http://mobile.valor.com.br/politica/4699287/petros-e-funcef-detem-17-da-eldorado-brasil-alvo-da-operacao-da-pf