Em 30 de dezembro de 2010 a Petros adquiriu da Camargo Corrêa e outros, pagando prêmio de controle, cerca de 12,7% do capital votante da Itaúsa, holding que controla o banco Itaú. Investiu na operação R$3,09 bilhões, que correspondiam a 6,3% do patrimônio do PPSP na época. Para saldar a aquisição foram vendidos títulos federais no valor de R$2,6 bilhões, complementados com recursos oriundos de outras fontes.
Na época, o ex-diretor da Petros Domingos de Saboya demonstrou a inconsistência da operação, que aumentava desnecessariamente o risco, uma vez que os títulos vendidos para cobrir 84% da aquisição pagavam a meta atuarial. Além disso, o ativo adquirido possuía baixíssima liquidez e o prêmio de controle, que levou o preço do papel às nuvens, era totalmente inócuo, pois não garantia participação ativa na gestão. Para completar, os proventos distribuídos pela Itaúsa historicamente mostravam-se muito inferiores à meta atuarial. Saboya foi severamente criticado pelos Conselheiros eleitos que haviam aprovado o negócio, e a Petros chegou a ameaçá-lo com ação na justiça por ter publicado suas conclusões.
Em 2015 a Previc detectou irregularidades no negócio e puniu o diretor de investimentos da Petros que havia conduzido a operação. Identificou ainda na Camargo Correa responsabilidade por causar um prejuízo de R$ 151,5 milhões à Petros. A CPI dos Fundos de Pensão também enxergou irregularidades nessa aquisição.
Vejamos os reflexos da operação nos resultados da Petros em 2015, que apontou déficit superior a R$23 bilhões (R$22,6 bilhões no PPSP).
As ações ordinárias da Itaúsa (ITSA3) fecharam o ano de 2015 com o valor unitário de R$7,03, valor utilizado no cômputo do resultado da Petros em 2015,
As perdas totalizadas, somente no lote inicial de 213 milhões de ações adquiridas em 30/12/2010, atingem o valor atualizado de R$2,15 bilhões. Somando o déficit de remuneração do investimento em relação à meta atuarial, o resultado é impactado em mais R$680 milhões, também referentes somente à aquisição inicial. Ocorre que, por determinação de seu Conselho Deliberativo, a Petros continuou a comprar o papel, até atingir o percentual de 15% do capital votante. Acrescentando-se as perdas em capital e proventos com essa aquisição adicional, estimadas em R$250 milhões, chega-se a um total de R$3,08 bilhões.
O PPSP é dono de 97% desse investimento, assimilando uma perda de R$2,99 bilhões. Se, em lugar de Itaúsa, a Petros tivesse investido em ativos que retornassem a meta atuarial, o déficit do PPSP seria reduzido para R$19,6 bilhões, dos quais R$13,2 bilhões deveriam ser equacionados, em lugar dos R$16,2 apurados. Uma redução de 18,5%.
Considerando que aproximadamente metade do déficit se deve a questões atuariais, Itaúsa responde por 37% da parcela do déficit gerada por desempenho insuficiente dos investimentos.
.Segundo reportagem da revista Veja de junho de 2011 (edição 2221) o ex-ministro Antônio Palocci teria intermediado a compra pela Petros dessa carteira de ações. A operação rendeu para Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, uma bem remunerada cadeira no Conselho de Administração da Itaúsa, cedida por cortesia pelas famílias controladoras do grupo Itaú.