Conselheiros Eleitos, agora, concluíram pela existência de suspeitas de fraude e corrupção em investimentos “malfeitos”

“Wálter Mendes,

Quais são suas propostas para a recuperação de investimentos “malfeitos” e com fortes suspeitas de fraude e corrupção?Irá somente querer virar esta página, como a atual gestão tentou fazer nos últimos meses, ou irá buscar responsabilidades e ressarcimento dos prejuízos como queremos nós, conselheiros eleitos pelos participantes, apoiados pelo Conselho Fiscal da Fundação, por unanimidade de seus membros?”

FINALMENTE, os Conselheiros Eleitos, “indicados pelo CDPP” concluíram pela existência de suspeitas de fraude e corrupção em investimentos “malfeitos”. Cabe-nos perguntar o porquê de somente agora terem acordado para o fato? Nosso grupo particularmente enxergou isso na operação Itaúsa e denunciou publicamente, tendo todos os atuais conselheiros defendido a operação como excelente.

 

Não foi uma ou duas vezes que lemos ou ouvimos a afirmação feita pelos “indicados” isentando o Sr. Henrique Jäger da responsabilidade por jogar para debaixo do tapete esses investimentos “malfeitos”. Só para lembrar, foi esse um dos motivos alegados (a de que ele não tinha qualquer culpa) para que não subscrevessem nosso Abaixo Assinado pedindo a exclusão de toda a Diretoria Executiva, situação em que mais de 3.150 participantes discordando deles optaram por subscrever o pedido.

 

A discussão dessa indicação, trazida nesse texto, é desfocada e desqualificada. Não há qualquer interesse em se debater o currículo do indicado. Ao contrário, mistura-se questões partidárias com chavões sindicais, tentando responsabilizá-las como o pêndulo que moveu a balança nessa direção. A menos que estejamos totalmente equivocados, não há nesse encaminhamento qualquer resquício de dedo político.

 

Sem qualquer bajulação, porém com visão arguta, podemos dizer que o Sr. Wálter Mendes tem um currículo de fazer inveja e que nenhum dos últimos gestores da fundação chegou perto. Sequer, se somássemos o currículo de todos eles, ainda assim, essa soma ficaria devendo, perto do leque da expertise apresentado pelo Presidente agora indicado e ontem, 17/8/2016, aprovado pelo Conselho Deliberativo da Petros.

 

Trabalhar em banco, diferente do que pensam esses conselheiros indicados, não permite que alguém seja banqueiro. Banqueiro é o dono do banco, ou mesmo seus grandes acionistas, caso da Petros, com seus atuais 15% em Itaúsa. É uma pena que se use esse tipo de nivelamento desqualificatório.

 

Ele foi de fato Conselheiro independente na Petrobrás, eleito pelos minoritários e, neste caso específico, diferente do que ocorria quando a Petros, a Previ e o Bndes interferiam sob o manto do Governo Federal, elegendo ilegalmente, em nome dos acionistas minoritários, conselheiros que nada tinham de independentes. Foi o caso ocorrido com a indicação e eleição do Fábio Coletti Barbosa e do Jorge Gerdau, motivo que ensejou uma multa de R$800 mil à Petros em ação movida pelo Sr. Romano Allegro na CVM.

 

Segundo um conselheiro eleito, bem conhecido de todos, era para ficarmos tranquilos, considerando que a Petros já havia superado déficit de 139% em 1987. Somos agora surpreendidos que esse problema – um déficit bem menor, de 27% – virou “um momento grave para a Fundação, com obrigação de equacionamento de pesado déficit técnico que exigirá difícil discussão sobre que parte do déficit é de responsabilidade de quem”?

 

Há, em nossa visão, uma grande preocupação em tudo isso, embutida nessa reclamação: a ideia que essa intervenção por parte da patrocinadora, possa não render a proposta da eleição dos diretores administrativo e de benefícios resultado do chamado AOR. Quem não concordava com o AOR, agora cobra que o Acordo seja respeitado: mas não estamos discutindo isso na justiça?

 

A insistência na afirmação que só santo de casa faz milagre peca em todos os sentidos. Na verdade, quem não se profissionaliza dá um grande passo para o abismo e isso ficou provado na Petros nos últimos 13 anos com a gestão sindicalista inconsequente que nos legou um déficit de R$ 23 bilhões.

 

Não é verdade total que nossos problemas têm origem nos últimos treze anos. Prova maior é que cobramos dívidas com origem ainda na fundação da Petros e, mais, um desses conselheiros, quando esteve diretor não conseguiu tirar esqueletos que estão sendo trazidos somente agora, neste balanço fechado em 2015.

 

Não abdicamos em qualquer momento de se cobrar dívidas. Antes, porém, é necessário termos acesso aos seus cálculos. Não é possível, do nada, surgir um déficit atribuído a uma rubrica nunca antes discutida, no valor de R$5,2 bilhões, justificando para isso que a família real dos aposentados andou crescendo fruto do uso do Viagra e o fato ser aceito como premissa. Tampouco, substituir a dívida (imoral) do Acordo de Níveis pelo acerto nos cálculos iniciais dos benefícios (90-100%) sem que isso tenha prova e contraprova como foi feito no Comunicado da Petros sobre o resultado de 2015 e o fato ser aceito como mais outra premissa por parte de quem tem responsabilidade em questioná-lo.

 

Não há também como deixar de insistir, a dívida da Petrobrás é discutível e parte dela não amenizará o valor do equacionamento, portanto, só isso não basta. Essa questão fica bastante clara na rubrica Família Real: caso haja confirmação nos dados apurados, também será dos participantes a responsabilidade por seu equacionamento, situação que inexiste se provarmos que houveinvestimentos “malfeitos” e com fortes suspeitas de fraude e corrupção.

 

É necessário sim, periciar investimentos “malfeitos” e com fortes suspeitas de fraude e corrupção, pois neste caso específico, o peso do equacionamento não pode ser atribuído ao participante e, dessa forma aqui sim teremos o benefício da redução no equacionamento, com a nossa parte ficando sob a responsabilidade do Governo Federal e da patrocinadora Petrobrás.

 

Sérgio Salgado-18/8/2016