O ex-ministro Pedro Parente vai assumir hoje a presidência da Petrobras. Ele foi eleito ontem para o cargo em reunião extraordinária do conselho de administração realizada à distância, depois que os membros receberam carta de renúncia de Aldemir Bendine. Parente também foi eleito ontem membro do colegiado da estatal.
A posse dele como presidente da Petrobras vai acontecer na quinta-feira, no Rio, depois de cerimônia em Brasília na quarta com o presidente interino Michel Temer. Parente já vinha fazendo reuniões na Petrobras desde a semana passada. Ontem, ele despachou em uma sala ao lado do conselho. O mandato de Parente, vence no dia 20 de março de 2017. O ainda presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também renunciou e deixará o conselho quando for eleito novo membro.
Para evitar um vácuo no poder, mesmo que breve, o conselho indicou o diretor de Recursos Humanos, SMS e Serviços da Petrobras, Hugo Repsold, como presidente interino da Petrobras com mandato até hoje.
Na carta de renúncia enviada, Aldemir Bendine, que também abriu mão do conselho da BR Distribuidora, afirmou que a Petrobras tinha uma “ameaça de apagão financeiro” quando assumiu, e que deixa a empresa com “um caixa robusto”, superior a R$ 100 bilhões. O ex-presidente da Petrobras não fez nenhuma menção à dívida de R$ 450 bilhões que a companhia acumulou até março.
Bendine lembrou que chegou na Petrobras – em fevereiro de 2015 – em um momento de pessimismo com relação aos rumos da estatal, que não tinha seus balanços aprovados pela certificadora e por isso corria o risco de execução precoce das dívidas. Ele classificou como “tempestade perfeita” os problemas “de natureza distinta” que se sobrepunham e se potencializavam no início dos dezessete meses de sua gestão.
“Não bastasse a queda aguda nos preços do petróleo, fomos obrigados a enfrentar forte desvalorização do real frente ao dólar e lidar com as descobertas da Operação Lava Jato, que revelou um conjunto de crimes praticados contra a companhia, com a participação inclusive de ex-executivos da empresa”, escreveu Bendine.
Bendine enumerou entre as medidas que permitiram elevar o caixa da companhia o corte nos investimentos e o enxugamento de custos operacionais. Também citou as mudanças na estrutura organizacional e a revisão do modelo decisório que obriga que as contratações de fornecedores, por exemplo, sejam colegiadas.
A troca no comando da Petrobras levou um grupo de aposentados a pedir a renúncia do presidente da Petros, Henrique Jäger, indicado por Bendine. A carta é assinada por Sérgio Salgado, ex-membro do conselho fiscal da Petros. O grupo acusa Jäger de ter feito uma “gestão calamitosa”. Jäger não se pronunciou. A Petros teve déficit técnico de R$ 6,2 bilhões em 2014 e tem até 31 de julho para apresentar o resultado de 2015.
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