Atualizada às 19h30) O procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão de 31 investigados no principal inquérito da Lava-Jato no tribunal, que apura se uma organização criminosa atuou na Petrobras. Janot pediu a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do chefe de gabinete da Presidência, Jaques Wagner, do ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e do assessor especial da presidente Dilma Rousseff Giles Azevedo.
Também estão na lista os nomes dos senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Delcídio do Amaral (sem partido-MS), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além do ex-ministro Antônio Palocci e do banqueiro André Esteves.
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, deve autorizar a inclusão dos novos suspeitos no inquérito, que já conta com 39 pessoas e visa apurar o funcionamento da “organização criminosa” que atuava na Petrobras. Janot também pediu a inclusão da delação premiada de Nestor Cerveró, Delcídio do Amaral e de todos os executivos da Andrade Gutierrez no inquérito.
Segundo Janot, a inclusão de novos investigados se deve ao avanço das investigações, que mostrou que “a organização criminosa tem dois eixos centrais. O primeiro ligado a membros do PT e o segundo ao PMDB”. Haveria ainda uma separação entre os membros do PMDB que estão na Câmara e os que estão no Senado.
“As provas colhidas indicam para uma subdivisão interna de poder entre o PMDB da Câmara dos Deputados e o PMDB do Senado Federal. Estes dois grupos, embora vinculados ao mesmo partido, ao que parece, atuam de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos relevantes no governo quanto na destinação de propina arrecadada a partir dos negócios escusos firmados no âmbito daquelas indicações”, escreveu Janot.
O PGR afirma ainda que os novos indícios mostram “uma atuação da organização criminosa de forma verticalizada, com um alcance bem mais amplo do que se imagina no início e com uma enorme concentração de poder nos chefes da organização”, diz o pedido.
Eduardo Cunha afirmou que os novos pedidos de inquérito contra ele são “absurdos” e se tratam de perseguição promovida por Janot.
Em nota, Edinho Silva afirmou que “a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014 foi conduzida de maneira ética e dentro da legalidade. Todas as doações foram devidamente registradas na prestação de contas, aprovada por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral”.
Também em nota, Wagner disse que “está seguro sobre suas atividades sempre motivadas pelo interesse público”.
A defesa de Paulo Okamotto afirmou que “o Supremo deverá impedir investigações sem justa causa e fora dos contornos legais”, diz a nota. Mas que não “receia qualquer investigação”.
Tropa de Cunha
Entre os nomes que a PGR pede investigação estão alguns dos principais aliados de Eduardo Cunha.
André Moura (PSC-SE), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Altineu Cortes (PMDB-RJ) e Manoel Junior (PMDB-PB) fizeram parte da CPI da Petrobras no ano passado.
Até então a “tropa de choque” do presidente da Câmara não figurava como investigada na Lava-Jato. Mas, de acordo com o procurador-geral Rodrigo Janot, “o avanço das investigações trouxe luz à atuação do núcleo do PMDB na Câmara, que tem como um dos seus líderes Eduardo Cunha”.
Janot cita os quatro deputados e o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, como alguns dos “comandados” por Cunha.
Quadrilha
A Procuradoria apontou um “núcleo do PMDB no Senado” que fazia parte de uma suposta quadrilha infiltrada na Petrobras e que contava com o senador Jader Barbalho.
“Quanto ao núcleo do PMDB no Senado Federal, as novas provas apontam, como se verá, para participação do senador Jader Barbalho, do ex- Ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, além de Milton Lyra, Jorge Luz [lobistas] e Sérgio Machado [ex-presidente da Transpetro]”, informa o documento da PGR.
O inquérito apura se o grupo atuou para desviar recursos da Petrobras, favorecer empresários e financiar campanahs eleitorais.
A lista completa do pedido de investigação feito hoje:
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente
Jacques Wagner, ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência
Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria de Governo
Edinho Silva, ministro da Comunicação Social
Jader Barbalho, senador (PMDB-PA)
Delcídio do Amaral, senador (sem partido-MS)
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Eduardo da Fonte, deputado (PP-PE)
Aguinaldo Ribeiro, deputado (PP-PB) – seu nome já estava neste inquérito
André Moura, deputado (PSC-SE)
Arnaldo Faria de Sá, deputado (PTB-SP)
Altineu Cortes, deputado (PMDB-RJ)
Manoel Junior, deputado (PMDB-PB)
Henrique Eduardo Alves, ex-ministro e ex-presidente da Câmara (PMDB-RN)
Giles de Azevedo, assessor especial da Presidência da República
Erenice Guerra, ex-ministra
Antonio Palocci, ex-ministro
Jose Carlos Bumlai, empresário
Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula
André Esteves, sócio do banco BTG Pactual
Silas Rondeau, ex-ministro
Milton Lyra, lobista
Jorge Luz, lobista
Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro
José Gabrielli, ex-presidente da Petrobras
Lúcio Bolonha Funaro, doleiro
Alexandre Santos, lobista
Carlos Willian, ex-deputado (PTC-MG)
Joăo Magalhăes, deputado estadual (PMDB-MG)
Nelson Bornier, ex-deputado (PMDB-RJ)
Solange Almeida, ex-deputada (PMDB-RJ)