Por Victória Mantoan e André Guilherme Vieira | Valor
SÃO PAULO – O presidente da Invepar, Gustavo Nunes da Silva Rocha, foi conduzido coercitivamente (obrigatoriamente) pela Polícia Federal (PF) para prestar depoimento nesta terça-feira pela 28ª fase da Operação Lava-Jato. A Invepar é dedicada à exploração de concessões de infraestrutura no país.
De acordo com o procurador Athayde Ribeiro da Costa, Gustavo Rocha participou de reunião com Jorge Agrello Junior, filho do ex-senador Gim Agrello (PTB-DF), para discutir assuntos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras.
No despacho da 28ª fase, o juiz Sergio Moro cita ainda troca de mensagens entre o presidente da Invepar e o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro.
Pinheiro teria pedido ao presidente da Invepar que entrasse em contato com o ex-senador Agrello, no que o executivo teria respondido “Falei com ele [Gim Agrello] agora. Fiquei de retornar com os próximos passos. Abs.”, conforme transcrição do despacho.
As investigações deflagradas hoje apuram indícios de que um integrante da CPI da Petrobras teria atuado para evitar a convocação de empreiteiras para prestarem depoimento “mediante a cobrança de pagamentos indevidos travestidos de doações eleitorais oficiais em favor dos partidos de sua base de sustentação”, segundo a PF.
São 22 ordens judiciais, sendo 14 mandados de busca e apreensão, 1 de prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária e 5 de condução coercitiva.
A assessoria de imprensa da Invepar disse, por meio de nota, que houve uma ação de busca e apreensão na sede da empresa no Rio de Janeiro e em sua subsidiária GRUpar, a concessionária do aeroporto de Guarulhos. “O objetivo do mandado refere-se somente a temas específicos da OAS, sem nenhuma referência às concessões e negócios da Invepar”, destaca, acrescentando que a empresa colabora com as autoridades.
A Invepar é o principal ativo à venda no processo de recuperação judicial da OAS, sendo negociada ao valor de R$ 1,35 bilhão. Após o leilão terminar sem lances, foi considerada vencedora uma proposta automática feita pelos credores da empreiteira.
Agora, está correndo o prazo de 30 dias para os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef decidirem se querem ficar com os 24,4% de participação que a OAS detém na companhia. Eles têm até 20 de abril para exercer, ou não, o direito de preferência.