Conselheiros da Petrobras esperam 24 horas por resposta sobre aumento de combustíveis
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro (Foto: Getty Images)
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, levou 24 horas para responder aos e-mails indignados enviados pelo presidente do conselho de administração da estatal, Nelson Carvalho, sobre rumores de um possível aumento nos combustíveis que estaria em gestação na diretoria da empresa. No domingo surgiram rumores de que haveria redução de preços para criar uma agenda positiva para o governo na luta contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Ao ser informado do assunto, Carvalho enviou, ainda ontem, e-mail a todos os conselheiros e diretores questionando a veracidade da informação. Jorge Celestino, diretor de Refino, admitiu que os estudos estavam em andamento. Muito irritado, Carvalho disse que não pretendia, com a omissão sobre o assunto, ser igualado a “outros presidentes do conselho” da estatal. Os antecessores de Carvalho na última década foram Murilo Ferreira, presidente da Vale – que deixou o colegiado seis meses depois de assumir o cargo, por divergências com Bendine – o ex-ministro Guido Mantega, entre 2011 e 2015, e a presidente Dilma Rousseff, entre 2003 e 2010.
Jorge Celestino, diretor de refino, foi o primeiro a responder ao conselho, ainda ontem, admitindo que a diretoria estudou, de fato, o assunto.
Carvalho pediu, então, que a empresa publicasse na manhã desta segunda-feira um comunicado negando o aumento, o que não ocorreu. Hoje, ao comentar o assunto pela primeira vez, Bendine também reconheceu que o assunto foi discutido internamente. Alegou que a decisão seria uma forma de tentar aumentar as vendas, uma vez que a comercialização de derivados vem caindo devido à crise econômica.
De acordo com fontes que conversaram com EXPRESSO, Bendine disse ainda que a empresa vai desmentir o aumento logo mais, quando o mercado fechar. Agora, não são apenas os conselheiros que exigem o desmentido – a Comissão de Valores Mobiliários também pediu esclarecimentos à estatal.
Entre 2011 e 2014, a Petrobras perdeu US$ 30 bilhões ao ter sido forçada pelo governo a vender combustíveis abaixo dos preços internacionais. As perdas cessaram depois que o preço do barril de petróleo caiu abaixo de US$ 40, ante US$ 110 em julho de 2014. Como o preço dos combustíveis não é ajustado desde o fim de 2014, a Petrobras passou a ganhar dinheiro com a defasagem – e esse ganho, embora não tenha sido suficiente para compensar as perdas passadas, tem permitido à estatal manter o caixa em nível confortável, mesmo com a queda brutal no preço do petróleo.
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