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SÃO PAULO – O Petros, fundo de pensão da Petrobras, perdeu o equivalente hoje a R$ 21 milhões ao emprestar esse montante em 2006 para uma empresa que era controlada pelo doleiro Alberto Youssef, de acordo com documentos apreendidos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. A informação está publicada na edição desta terça-feira da “Folha de S.Paulo”.
Um relatório da PF, segundo o jornal, levanta a suspeita de que o empréstimo foi obtido graças aos contatos políticos do doleiro. Até hoje, não se sabe o destino do dinheiro que não voltou para os cofres do Petros.
Um dos indícios de intermediação política, segundo a PF, é um e-mail de um executivo que trabalhava para Youssef, no qual ele faz menção a João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do PT, como interlocutor para tratar de assuntos relativos ao Petros.
“Falei hoje com o João Vaccari sobre a Petros”, diz o executivo Enivaldo Quadrado, condenado no processo do mensalão por ter usado uma corretora, a Bônus Banval, que tinha para repassar recursos do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para o PP, partido da base aliada do PT que tem ligações com o doleiro. A mensagem que cita Vaccari Neto, diz a reportagem, é de 2012. “Há indício de que João Vaccari estaria intermediando negócios entre a Petros e o grupo GFD/CSA”, diz o documento da polícia, citando duas empresas do doleiro.
De acordo com o jornal, o Petros é o segundo maior fundo de pensão do Brasil, com patrimônio de R$ 66 bilhões. Teve, só no ano passado, prejuízo de R$ 2,8 bilhões, por conta de investimentos que deram errado e empréstimos não honrados.
Youssef foi preso em março deste ano, sob a acusação de liderar um megaesquema de lavagem de dinheiro, com ramificações na Petrobras e em partidos políticos. Quadrado, lembra o jornal, foi preso na mesma época pela PF, sob a acusação de lavagem de dinheiro, mas responde em liberdade.
De acordo com a reportagem publicada hoje, o doleiro escolheu uma empresa que criara um projeto aparentemente promissor, mas não tinha capital. A Indústrias de Metais do Vale (IMV), de Barra Mansa (RJ), tentava implantar um novo método de produção de ferro usando sucata, e não minério de ferro.
Youssef, diz ainda a reportagem, usou um de seus laranjas, Carlos Alberto Pereira da Costa, para colocar como sócio na empresa, segundo a PF. Apesar do interesse da Votorantim pela nova tecnologia, a IMV não conseguia uma seguradora de porte para garantir o empréstimo, como exigia o Petros.
A PF afirma que houve interferência política até no seguro, já que o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) vetava seguradoras que aceitavam fazer a operação, mas depois mudou de posição.
Ouvido pelo jornal, Vaccari Neto disse, por meio da assessoria do PT, que “não conhece, nunca se encontrou e jamais manteve qualquer forma de contato com Enivaldo Quadrado”.
O Petros afirma que não vai se pronunciar sobre o empréstimo porque não teve acesso à investigação. A advogada de Quadrado não quis se pronunciar. Um dos sócios da IMV, Uilian Fleischmann, afirma que não cuidava da parte financeira da empresa e não quis comentar a suspeita. O IRB disse que precisaria de mais tempo para pesquisar a operação.
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