Crime na Petrobras pode ter relação com morte de Celso Daniel, diz Moro

Prefeito de Santo André, que era filiado ao PT, foi assassinado em 2002. Juiz diz que empresário pode ter contribuído para obstrução da Justiça.
01/04/2016 13h44 – Atualizado em 01/04/2016 14h37

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Por Alana Fonseca
Do G1 PR

celso daniel (Foto: globo news)
Prefeito de Santo André Celso Daniel foi morto em 2002 (Foto: Globo News/Reprodução)

No despacho em que autoriza a prisão temporária do empresário Ronan Maria Pinto, divulgado nesta sexta-feira (1º), o juiz Sérgio Moro argumenta que “é possível” que o esquema de corrupção da Petrobras tenha relação com a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002.

Ronan é dono do jornal “Diário do Grande ABC” e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo e alvo da 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta.

A relação do esquema de corrupção com o assassinato foi feita com base em uma tentativa de delação premiada de Marcos Valério Fernandes de Souza na Lava Jato.

Marcos Valério foi apontado, no julgamento do mensalão do PT, como o operador do esquema. Condenado a 37 anos de cadeia, o publicitário Marcos Valério está preso desde 2013 em regime fechado.

Marcos Valério alegou que Ronan foi beneficiário final de um empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin.

Ainda conforme Marcos Valério, R$ 6 milhões foram repassados a Ronan porque ele ameaçava envolver figuras políticas importantes do Partido dos Trabalhadores (PT) nas investigações do assassinato de Celso Daniel.

Leia abaixo a parte em que Moro cita a possível relação:

“Já Ronan Maria Pinto foi, como adiantado, condenado criminalmente, sem trânsito em julgado, por sentença da 1ª Vara Criminal de Santo André no processo 00587-80.2002.8.26.0554, por crimes de extorsão e corrupção ativa, em continuidade delitiva, no aludido esquema de corrupção e extorsão na Prefeitura de Santo André (evento 7, comp39). É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave.

Se confirmado o depoimento de Marcos Valério, de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do Partido dos Trabalhadores, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de na época autoridades da elevada Administração Pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André”

O G1 tenta contato com a defesa de Ronan Maria Pinto. Em outras ocasiões, ele disse não ter envolvimento com a morte.

Carbono 14
A 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira e batizada de Carbono 14, identificou um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras: o empresário paulista Ronan Maria Pinto.

Os recursos vieram de um empréstimo fraudulento que o pecuarista José Carlos Bumlai obteve junto ao Banco Schahin em outubro de 2004.

Bumlai já foi preso pela Lava Jato e é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No ano passado, ele admitiu fraude no empréstimo, que totalizou R$ 12 milhões, e disse que o objetivo era pagar dívidas de campanha do PT e “caixa 2”, sem citar nomes.

Investigadores ainda não confirmaram quem foram os destinatários finais dos outros R$ 6 milhões.

O empréstimo com o banco foi pago por meio da contratação fraudulenta do Grupo Schahin como operador do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão. Como foi favorecido para obter o contrato, parte do lucro dele na operação quitou o débito.

Ronan foi preso em Santo André, na Grande São Paulo, e será levado à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Ao todo, a operação cumpriu 12 mandados judiciais e foi chamada de Carbono 14, porque remete a episódios antigos e não esclarecidos.

Veja abaixo um resumo da 27ª fase:

– Objetivo: descobrir os beneficiários do esquema investigado.
– Mandados judiciais: 2 de prisão, 2 de condução coercitiva e 8 de busca e apreensão.
– Presos temporários: Ronan Maria Pinto, empresário, e Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT.
– Conduções coercitivas: Breno Altman, jornalista, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.
– O que descobriu: Um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por José Carlos Bumlai no banco Schahin, em 2004, tinha como um dos beneficiários finais Ronan Maria Pinto, que recebeu R$ 6 milhões.
– O que falta apurar:
A razão do pagamento a Ronan Pinto;
Qual é a relação entre o repasse e o esquema de corrupção em Santo André;
Para onde foram os outros R$ 6 milhões do empréstimo.

http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/04/morte-de-celso-daniel-pode-estar-ligada-crimes-na-petrobras-diz-moro.html


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