Petrobras revolta funcionários ao impor cursinho online sobre corrupção

A Petrobras convocou, nesta segunda-feira (15), por meio de sua intranet, todos os funcionários a realizar um cursinho online a distância sobre “prevenção à corrupção”. A convocação informa que a realização do curso é obrigatória até o dia 15 de abril.

O conteúdo será dividido em seis módulos: “o presente indesejado”, “o evento”, “pagar ou não pagar”, “o intermediário”, “a carta estranha” e “o informante”. Segundo a Petrobras, o conteúdo foi desenvolvido pelo “Pacto Global das Nações Unidas”.

Funcionários da estatal demonstraram a irritação com a proposta por meio de comentários irônicos ou indignados. Alguns ficaram ofendidos por achar que, ao propor o curso, a empresa considerava a todos corruptos. Outros disseram que aprenderam a ser honestos em casa e, por isso, não precisavam fazer o curso. Outros perguntaram se a diretoria já tinha feito o treinamento. Um deles afirmou que a diretoria deveria ter feito um curso a distância de “como ter ideias brilhantes para justificar altos salários”. “A Petrobras quer me ensinar a não ser corrupto? Então me prove que todos os corruptos de altos cargos já foram extintos. Tenha a santa paciência!”, disse outro funcionário.

A convocação também foi reforçada por um vídeo gravado pelo diretor de Risco e Conformidade da estatal, João Elek. Segundo a empresa, é necessário que cada funcionário dedique uma hora para ler o conteúdo proposto e, assim, seja considerado concluinte do curso. “Assumimos esse compromisso de capacitar nossos empregados com os órgãos reguladores como uma resposta da Petrobras para demonstrar que estamos fazendo esforços para combater todas as formas de corrupção da empresa. Nosso objetivo deve ser fazer negócios, cada vez mais, de maneira correta, lícita, justa e moral”.
http://epoca.globo.com/tempo/expresso/noticia/2016/02/petrobras-revolta-funcionarios-ao-impor-cursinho-online-sobre-corrupcao.html

1 comentário em “Petrobras revolta funcionários ao impor cursinho online sobre corrupção”

  1. Realmente, não parece muito cabível um curso sobre prevenção à corrupção em qualquer instituição, pública ou privada, focado em técnicas de percepção de malfeitos, intensão ou tentativa de malfeitos por parte de terceiros, para todos os empregados da empresa. A grande maioria dos empregados não participa, nem direta nem indiretamente de nenhuma negociação com terceiros, em nenhuma oportunidade. Tal curso deveria ser apenas para empregados que tem alguma participação direta ou indireta, em negociações com terceiros. A generalização do curso para todos, pode criar um clima de desconfiança generalizado, principalmente dos subordinados, que não tem nenhum contato com negociação com terceiros, com relação aos chefes e administradores. Como pode ser eficiente uma organização em que todo mundo desconfia de todo mundo? E como disse o colega, honestidade não se aprende em curso, se aprende em casa. E também não existe grau de honestidade: ou alguém age com honestidade, ou age sem honestidade. O que existe é tamanho e importância do malfeito, que é avaliado pela justiça para determinar a intensidade da pena. Porém quem pratica pequenos malfeitos é tão desonesto quanto quem pratica grandes malfeitos Também não concordo com o diretor de risco e conformidade da Petrobrás, que pelo que entendi é uma espécie de conferidor-mor de todos os atos decisórios da companhia (imagine-se o aumento de burocracia e queda de eficiência que isso pode ocasionar na companhia, engessando-a completamente), quando afirmou que a Petrobrás “deve fazer negócios, cada vez mais, de maneira correta,,lícita, justa e moral”. Em primeiro lugar, todos os negócios da companhia devem ser, não cada vez mais, mas sempre corretos, lícitos, justos e morais. Em segundo lugar, não existem negócios mais ou menos corretos, lícitos, justos e morais. Existem negócios corretos, lícitos, justos e/ou morais, que é como devem ser sempre todos os negócios da empresa, e existem negócios incorretos, ilícitos, injustos e/ou imorais, que é como não pode ser nenhum negócio da Petrobrás, nem de nenhuma empresa que se preze.

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