João Sorima Neto – O Globo
SÃO PAULO – A fatia de 24,4% que o grupo OAS tem na Invepar poderá parar nas mãos dos credores da empresa, entre eles os chamados fundos abutres, caso nenhuma proposta seja apresentada no leilão marcado para o dia 14 de março em São Paulo. A informação consta no edital de leilão publicado nesta quarta-feira. A Invepar detém, entre outras concessões, a operação do metrô do Rio de Janeiro e do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.
A OAS entrou com pedido de recuperação judicial em abril de 2015 e a Justiça homologou o plano de reestruturação apresentado no último dia 28 de janeiro. A venda da participação na Invepar e de outros ativos da construtora está prevista no plano. Pelo menos 600 credores, incluindo fornecedores e fundos abutre, se cadastraram para participar das assembleias do plano de reestruturação. Entre os ‘fundos abutre’ listados como credores da OAS está o norte-americano Aurelius, conhecido por especular com papéis no mercado secundário.
A fatia da Invepar colocada à venda corresponde a 35,76 milhões de ações ordinárias e 69,117 milhões de ações preferenciais. Essas ações foram avaliadas em R$ 1,350 bilhão. De acordo com o edital, os 24,4% pertencentes a OAS terão que ser pagos em dinheiro em uma única parcela. No caso das ações ficarem com os credores, o pagamento poderá ser feito em créditos ou direitos. A compra das ações deverá ser feita na totalidade, diz o edital.
Os interessados terão que apresentar propostas fechadas e podem pedir acesso às informações da Invepar (a chamada due diligence) a partir de amanhã até o dia 11 de março. Para isso, eles precisam assinar o chamado Acordo de Confidencialidade.
“O Grupo OAS não garante e não se responsabilizará pela completude e/ou correção de qualquer informação contida na sala de informações e nem se obriga a complementar ou fornecer informações adicionais solicitadas por qualquer interessado”, diz o texto do edital.
BROOKFIELD NÃO PODERÁ COBRIR MELHOR OFERTA
A gestora canadense Brookfield, até então única interessada na aquisição da Invepar, retirou, no início deste mês, a oferta que faria pelo ativo. Com a desistência, a gestora não poderá participar da due diligence, nem cobrir a melhor oferta que vier a ser apresentada, como estava previsto.
Desde que entrou com pedido de recuperação judicial a OAS vinha negociando com a Brookfield. No final do ano passado, os canadenses compraram R$ 500 milhões em debêntures emitidas pela Invepar. Os outros três acionistas da Invepar (Previ, Petros e Funcef, fundos de pensão de estatais) também fizeram um aporte de R$ 1 bilhão numa operação que teve por objetivo melhorar o perfil da dívida da Invepar, que supera os R$ 3 bilhões.
Fontes a par das negociações disseram que os canadenses vinham tentando costurar um acordo com os fundos de pensão a fim de modificar as regras de governança da Invepar, melhorando o padrão de gestão da empresa e alinhando com as regras de governança de seus fundos internacionais. Foi nesse ponto que a negociação emperrou.
A aquisição dos R$ 500 milhões em debêntures já sinalizava a intenção da gestora canadense em converter esses papéís em ações, tornando-se a maior acionista individual da empresa. Agora, sem a Brookfield, o processo de recuperação da OAS fica em xeque.