Os fundos de pensão Funcef (Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil) podem comprar a fatia de 24,5% da empreiteira OAS na Invepar, concessionária do aeroporto de Guarulhos, segundo apurou a Folha.
A aquisição ocorreria para evitar ainda mais prejuízos aos fundos, que são sócios da Invepar, com cerca de 25% cada. A concessionária está com o caixa apertado por conta de pesados investimentos e tem dificuldades para pagar dívidas de curto prazo.
Recentemente, os fundos vetaram a venda da fatia da OAS na Invepar para a canadense Brookfield por R$ 1,35 bilhão. Desde então, procuram-se compradores no mercado. Ainda segundo apurou a reportagem, dois interessados avaliam o negócio neste momento.
Em recuperação judicial por causa do envolvimento na Lava Jato, a OAS vai levar sua fatia na Invepar a leilão.
Se os dois interessados não fizerem nenhum lance, os credores da construtora assumirão sua parte na Invepar, quitando parte da dívida da OAS. O valor do ativo também seria R$ 1,35 bilhão.
Neste caso, os fundos têm 30 dias para exercer seu direito de preferência. A tendência hoje é que comprem o restante da Invepar por conta da divergência de “visão estratégica” com os credores da OAS. Boa parte da dívida da construtora hoje está nas mãos de “fundos abutres”.
Os fundos consideram que eles não teriam comprometimento com o projeto.
Qualquer que seja o desfecho do negócio, a Invepar se tornou uma encruzilhada para os fundos de pensão, que contabilizam sua fatia da empresa por R$ 2,8 bilhões.
Segundo a Folha apurou, por causa dos resultados ruins, os fundos serão obrigados a reavaliar o valor do ativo no balanço do ano passado, que ainda não foi divulgado, reconhecendo prejuízo. Alguns cálculos apontam para perda de 20%.
DISPUTA
Como a decisão final de comprar a fatia da OAS na Invepar só ocorre 30 dias após o leilão, deve ocorrer uma batalha dentro do conselho dos fundos.
Os representantes dos pensionistas são contrários ao negócio, porque aumentaria demasiadamente a exposição dos fundos à empresa, que está com as finanças combalidas.
As regras dos fundos só permitem deter até 25% de uma empresa, mas pode ser aberta uma exceção desde que ocorra um ajuste num período de até quatro anos.
No fim do ano passado, Previ, Petros e Funcef já socorreram a Invepar comprando R$ 1 bilhão em debêntures da empresa (títulos da dívida). O dinheiro foi utilizado para pagar dívidas de curto prazo.
A falta de visão estratégica que os fundos temem nos credores da OAS, que poderão vir a se tornar sócios da INVEPAR, certamente é a não aceitação das condições em que a concessão do Aeroporto de Guarulhos está sendo conduzida. É óbvio que, se tiverem que aceitar a participação na Invepar como pagamento de seus créditos, eles vão querer, entre outras coisas, denunciar o acordo de acionistas da concessionária GRU Airport, que prevê isenção da Infraero no aporte de déficits de caixa, fazendo com que o sócio privado – leia-se INVEPAR – arque sozinho com o pagamento da outorga bilionária. Nesse caso, viria a público a maracutaia que está por trás da concessão de Guarulhos, um mecanismo de drenagem de dinheiro das fundações para um fundo subordinado à cobiçada secretaria da aviação civil, instalada no Palácio do Planalto a passos de distância do gabinete presidencial.
Mais um esbulho será praticado contra os participantes dos fundos.