Petros chama investidores para cobrir rombo; especialistas apontam “más escolhas”

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Especialistas acreditam que déficit em fundo é fruto de decisões ruins

Por Leonardo Pires Uller 111h3 8 | 01-02-2016

SÃO PAULO – Na semana passada, surgiu a notícia de que 60 mil participantes da Petros, principal fundo de pensão da Petrobras, serão chamados para contribuir para cobrir um rombo gerado pela fundação. De acordo com fontes ouvidas pelo InfoMoney, esse déficit se daria por problemas de gestão no fundo. Quais seriam os riscos dos investidores ao aplicar em um fundo como a Petros?

O economista Gerson Caner critica a alocação de recursos do Petros. De acordo com o especialista, se o fundo tivesse aplicado em alternativas melhores, teria um retorno melhor. “O gestor faz investimentos de risco, como na Lupatech e o investidor fica refém dessas escolhas ruins e acaba sendo chamado a para pagar esse prejuízo”, comenta.

Rafael Silveira e Silva, consultor legislativo do Senado Federal aponta outro caso de investimento do fundo considerado ruim: a Sete Brasil, empresa que alugaria sondas para exploração do pré-sal para a Petrobras e que conta, atualmente, com uma dívida bilionária.

“A Petros é muito influenciada pela patrocinadora”, comenta. Para o consultor, os investidores devem cobrar mais transparência desses fundos, inclusive na indicação de profissionais para gerir os recursos. De acordo com ele, muitas vezes, essas indicações podem ter um viés político e não técnico.

“A Petros não é muito transparente e quem paga a conta disso é o investidor”, comenta Caner. Para ele, é importante que o investidor considere outras alternativas de investimento além do fundo de pensão, para não ter problemas como o que está acontecendo agora. Ele destaca que, com a taxa de juros atual, o investidor pode fazer um esforço para aplicar em alternativas de renda fixa e começar a poupar para a aposentadoria.

Outro lado

Procurada pelo InfoMoney, a Petros informa, por meio de sua assessoria de imprensa que as decisões de investimento do fundo são tomadas com base em “avaliações técnicas e seguindo as boas práticas de governança, sempre de forma colegiada, por comitês técnicos, e nunca por uma única pessoa”.

Em relação à Sete Brasil, a instituição afirma que o projeto apresentava “boas perspectivas”. Sobre a Lupatech, a Petros afirma que a decisão de investimento considerou um significativo crescimento do setor de petróleo e gás nos anos seguintes. Em relação aos gerentes do fundo, a instituição relata que eles são “profissionais buscados no mercado”.

1 comentário em “Petros chama investidores para cobrir rombo; especialistas apontam “más escolhas””

  1. Após a casa arrombada, os gestores da PETROS foram a mídia informar que serão mais cautelosos na aplicação dos recursos da Fundação em rendas variáveis. O que informaram é óbvio e todos nos sabemos. Essa sistemática haveria de ser implementada desde a origem da capitalização do Fundo PETROS. Aplicação sem controle em Renda Variável (mercado de ações), principalmente no Brasil, constantemente em crise na sua economia, há que ser considerado um ato de suicídio quando administramos o nosso próprio recurso. Mais agravante ainda é quando o Gestor administra recurso de terceiros, recursos esses, obtidos pelo esforço de capitalização constante, decorrente da renuncia de uma massa gigantesca de trabalhadores que resolveu abdicar de um parcela simplificativa de seu salário, mês a mês, ate a sua aposentadoria, não bastasse a subtração natural do valor poupado quando somos bi-tributados pela Receita Federal nas fases de captação e utilização. Assim, só nos resta esquecer as perdas bilionárias ocorridas pela recente gestão temerária na PETROS que vai nos decretar mais aporte e acreditar que essa filosofia de risco moderado vai ser praticada.

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