Reestruturação da Petrobras prevê mudanças no CENPES

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A diretoria da Petrobras aposta na aprovação do programa de reestruturação interna pelo conselho de administração em reunião que acontece nesta quarta-feira, 27, segundo fonte a par do projeto. Entre as mudanças previstas está a redução do número de diretorias e gerências e o esvaziamento do centro de pesquisa da empresa, o Cenpes. Em carta aos executivos da petroleira, ex-diretores – Guilherme Estrella e Ildo Sauer – se posicionaram contra a medida.

Como antecipado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a proposta apresentada ao conselho é de incorporação da diretoria de Gás e Energia, coordenada por Hugo Repsold, à de Abastecimento, de Jorge Celestino. Assim, em vez de sete diretorias, a Petrobras passaria a contar com seis. O número de gerências também deve ser reduzido, em 30%, passando de cerca de 6 mil para 4,2 mil.

Já a área de engenharia básica – responsável pelo desenho e fiscalização de todas as obras, além da ordem de contratação de equipamentos e serviços -, hoje concentrada no Cenpes, deve ser transferida para a diretoria de Engenharia, Tecnologia e Materiais. Segundo a fonte, este é um dos pontos centrais da reestruturação, porque é vista como um meio de controle dos custos e da corrupção.

A ideia é que, com a transferência, será mais fácil acompanhar contratos e garantir que procedimentos padrões sejam adotados em todas as obras. Para ex-diretores e pesquisadores ligados à estatal, que encaminharam um manifesto à diretoria e ao conselho da Petrobrás, o esvaziamento do Cenpes é um “erro colossal”.

Construído na década de 70, na Ilha do Fundão da UFRJ, o centro de pesquisa foi ampliado em 2010, após receber investimento de R$ 1,2 bilhão. No Cenpes, são realizadas pesquisas na área de petróleo e gás, biocombustíveis e energias renováveis, dentro do conceito de integração das áreas de engenharia, inovação, pesquisa e desenvolvimento.

“Esquartejar esta integração, sob qualquer argumento, é destruir um modelo de gestão universalmente reconhecido”, traz o manifesto assinado por 17 ex-funcionários da Petrobras, pesquisadores e economistas.

“O núcleo de engenharia (que deve ser transferido para a diretoria da empresa) é o que dá a razão de ser ao Cenpes. É central no objetivo da empresa de fomentar a inovação dos seus processos”, avalia o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, um dos que assinam o protesto. Segundo ele, a visão da atual diretoria é muito “financista” e não está preocupada com o desenvolvimento tecnológico da empresa e do País.

Pinguelli diz que a área de engenharia básica do Cenpes é um trunfo da Petrobras, reconhecida internacionalmente, tendo recebido diversos prêmios. Com as mudanças, segundo ele, “a Petrobras voltará a ser dependente de tecnologia externa”. Procurada, a empresa não se posicionou sobre a alteração da sua estrutura interna.


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