Petrobras anuncia série de medidas, nega capitalização e estuda demissões
Ivan Monteiro ainda afastou a hipótese de recorrer ao Tesouro, destacando que esta seria a última alternativa
SÃO PAULO – Em entrevista coletiva, o CFO da Petrobras (PETR3,PETR4) Ivan Monteiro afirmou que a estatal não estuda capitalização. Mais cedo, em café da manhã com jornalistas, a presidente Dilma Rousseff havia respondido, de maneira não muito objetiva, que não descartava uma capitalização da estatal. As informações são da Bloomberg.
Monteiro ainda afastou a hipótese de recorrer ao Tesouro, destacando que esta seria a última alternativa. Segundo ele, não está no radar da estatal recorrer ao Tesouro e nem a capitalização.
“Isso seria a última alternativa a ser perseguida pela companhia e não está no nosso radar”, frisou o diretor em entrevista com a imprensa nesta tarde, no Rio. “Não temos nenhuma iniciativa para discutir esse assunto. Se tivéssemos, teria de publicar fato relevante”, ressaltou.
O executivo ponderou sobre a necessidade de uma capitalização, instrumento usado para tocar um grande programa de investimento ou quando a estrutura não é suficiente para fazer face ao serviço da dívida. “O que fazemos desde o início dessa gestão é afastar a hipótese de recorrer ou ser assistida pelo Tesouro. Se não tivéssemos tomados as decisões, já teríamos batido na porta do Tesouro há muito tempo. Se não tivesse reduzido o capex de US$ 45 bilhões para US$ 25 bilhões por ano, já teria recorrido por que não teria caixa”, ressaltou.
A coletiva de Monteiro no Rio de Janeiro começou às 15h01, segundo informações do Terminal Bloomberg. O mesmo terminal de notícias já havia dito hoje cedo que esta coletiva iria acontecer às 13h30, mas a assessoria de imprensa da estatal negou essa informação ao InfoMoney. Contudo, segundo apuração do InfoMoney, a coletiva já estava agendada desde cedo mas a empresa queria realizá-la apenas com alguns poucos jornalistas de determinados veículos, o que “justificaria” a negação por parte da assessoria sobre se haveria algum evento com a imprensa.
Como alternativas à capitalização, Monteiro ressaltou que a estatal não vai recorrer aos mercados internacionais de capitais. “As alternativas que a companhia tem são duas fontes grande de captação: as bilaterais, com linha de crédito com bancos nacionais e internacionais ou acessar mercados. Mercados internacionais de capitais a Petrobras não acessará”, frisou. Segundo o executivo, a companhia foi procurada por bancos em ofertas espontâneas de crédito, mas que a diretoria não considerou as propostas viáveis.
“Há um conjunto de linhas com os bancos que, de uma maneira geral, achamos que não é boa alternativa. Recebemos oferta espontânea, mas achamos muito caro. Buscamos ofertas mais baratas, como leasing de plataformas e securitização, e outras alternativas que estamos estudando.”
O CFO da estatal informou ainda que a Petrobras elevou o número de ativos para venda, entre 20 e 30 ativos, totalizando US$ 14,4 bilhões. Ele afirmou que pode alterar ativos até a meta ser cumprida e que a Transpetro entrou na lista de desinvestimento. Segundo ele, a venda de ativos deve garantir caixa até 2017 e destacou que um novo corte no capex não está sendo considerado. Porém, a companhia deve considerar nova rodada de demissões.
A diretora de exploração e produção da Petrobras, Solange Guedes, afirmou ainda que a companhia fará nova rodada de negociação com fornecedores. Sobre os dados de produção, Monteiro afirmou que os números de 2015 devem ser divulgados hoje, destacou que a companhia não aumentou o plano de investimentos para 2016 e que a empresa incorporou US$ 1 bilhão não gastos em 2015. Ele ainda afirmou que não estuda mudança em preço de combustível.
Monteiro ainda afirmou que não acredita que um IPO da Aramco, da Arábia Saudita, reduzirá a demanda pelos ativos da Petrobras.
A presidente Dilma afirmou nesta sexta-feira que não descarta uma capitalização da Petrobras se os preços do petróleo no exterior continuarem a cair. “O que nós faremos será em função do cenário local e internacional. Nós não descartamos que vai ser necessário fazer uma avaliação (sobre uma capitalização) se esse processo (de queda no preço do petróleo) continuar. Agora não somos nós, o governo brasileiro que não descarta. Nenhum governo vai descartar”, disse Dilma em café da manhã com jornalistas.
Com isso, as ações da Petrobras, que já registravam baixa em meio à queda do petróleo no mercado internacional, intensificaram as quedas e chegaram à baixa de 9%. Porém, o dia segue de forte queda para a estatal, seguindo a baixa do petróleo, com o contrato do WTI com vencimento em fevereiro em queda de 5,45%, a US$ 29,50, enquanto o contrato do brent com vencimento em março em queda de 4,60%, a US$ 29,46 o barril.
Os preços do petróleo no exterior estão operando perto de mínimas de 12 anos, com um excedente de oferta afetando o mercado global, em meio a preocupações com a desaceleração na economia da China. Somente em 2016, as cotações do petróleo tipo Brent recuaram cerca de 20% e estão cotados atualmente na casa dos US$ 30 por barril.
Executivos da Petrobras disseram, em conversa com analistas também nesta sexta-feira, que a empresa não descarta ajuda do governo federal, mas que isso não está em discussão no momento e seria a última opção, segundo relato do Itaú BBA em nota a clientes obtida pela Reuters.
Ainda de acordo com a nota do Itaú BBA, a petroleira vê a posição considerada mínima de caixa de US$ 15 bilhões sendo alcançada em meados de 2017 apenas considerando o pior cenário.
(Com Reuters)
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