Atenção – Alexandre Romano, o chambinho em delação encrencou Wagner Pinheiro

Vai trazer ainda mais problemas para o PT e, em especial para Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, a delação de Alexandre Romano, o Chambinho, que será homologada a qualquer momento por José Dias Toffoli.

Romano contou que fez chegar R$ 600 mil, em 2014, a Leones Dall’agnol, ex-chefe de gabinete de Gleisi Hoffmann e de Paulo Bernardo.

O assessor trabalhou tanto com Gleisi na Casa Civil quanto com Paulo Bernardo no Ministério das Comunicações.

A propósito, Alexandre Romano também encrencou Wagner Pinheiro, ex-presidente dos Correios e um ex-vice da estatal.

http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/gleisi-hoffmann-e-paulo-bernardo-encrencados-em-delacao.html


 

Wagner Pinheiro: do fundo de pensão da Petrobras à presidência dos Correios

É um bancário que se aproximou do PT pelas mãos de João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e do ex-ministro Gushiken

 

BRASÍLIA E RIO — Antes mesmo de a presidente Dilma Rousseff assumir o governo, uma das primeiras preocupações foi blindar os Correios. A estatal estava desgastada. Além da mancha do mensalão, a empresa era controlada por indicados da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, que foi afastada do governo em meio a denúncias de corrupção. Um filho de Erenice foi acusado de fazer lobby em favor de uma prestadora de serviços dos Correios. Para a tarefa, Dilma chamou o então presidente da Petros, o fundo de pensão da Petrobras. O petista Wagner Pinheiro já era um velho conhecido. Dilma e ele trabalharam juntos na transição dos governos FHC e Lula.

O currículo do novo presidente dos Correios agradava à futura presidente. Pinheiro é economista formado pela Unicamp, onde Dilma estudou. Além disso, o petista tinha o peso de ter ficado nada menos do que oito anos à frente do segundo maior fundo de pensão do país.

A trajetória profissional de Pinheiro começou no final dos anos 1980, no antigo Banespa. Foi no movimento sindical dos bancários que ele estreitou relações com o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, e com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, um dos acusados de envolvimento nos escândalos da Petrobras. Ele também era próximo do ex-ministro Luiz Gushiken, morto em 2013.

— A relação com o Gushiken era umbilical — classifica uma fonte do governo.

Com isso, Pinheiro virou assessor da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo no início dos anos 1990. E, em 1994, começou a carreira em fundos de pensão no Comitê de Investimentos do Fundo Banespa de Seguridade Social (Banesprev). Juntamente com a presidência da Petros nos governos Lula, chefiou também o Instituto Cultural de Seguridade Social (ICSS).

Segundo números da Associação das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), os investimentos da Petros triplicaram durante a gestão de Pinheiro, de R$ 18,6 bilhões para R$ 55,7 bilhões entre 2002 e o fim de 2010 . Esse aumento de 200% foi maior do que o registrado no setor como um todo, que foi de 132%, mas abaixo, por exemplo, da evolução da Previ. Os investimentos do fundo do Banco do Brasil saltaram 252% no período.

— A gestão do Wagner na Petros foi marcada por perda de direitos previdenciários dos petroleiros e por uma relação ruim com os representantes dos trabalhadores que mantém postura de independência ao governo — critica Ronaldo Tedesco, representante dos funcionários no Conselheiro Fiscal da Petros.

Segundo ele, Pinheiro “precarizou o direito à previdência complementar dos petroleiros” ao criar o Plano Petros 2, em 2006. O novo plano introduziu o sistema de “contribuição variável”, pelo qual o benefício era calculado de acordo com contribuições do participante ao longo da carreira, em vez do anterior “benefício definido”. O Petros 2 fez parte de um plano de repactuação do fundo, que convivia com déficit bilionário. Em 2005, o próprio Pinheiro identificou rombo de R$ 8 bilhões na Petros.

Pinheiro só soube que sairia da Petros dias antes de Dilma assumir. Foi o início da “faxina ética” promovida pela presidente no início de seu governo. À frente dos Correios, Pinheiro defendeu o monopólio do mercado. Os Correios venceram judicialmente uma disputa com a embaixada dos EUA para a entrega de passaportes. O argumento é que, segundo a legislação, conteúdo de interesse específico do destinatário tem de ser transportado pela empresa. Com isso, a DHL deixou de entregar documentos, e filas se formaram em embaixada e consulados para pegar o passaporte com o visto.


Vaccari, quando Diretor da CUT operaria três fundos de pensão, diz corretor

Ex-dono da Guaranhuns afirma que Vaccari Neto seria operador do Petros, Previ e Funcef

Em depoimento ontem à sub-relatoria de fundos de pensão da CPI dos Correios, o ex-dono da corretora Guaranhuns Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o mercado financeiro comenta que João Vaccari Neto, da direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), seria responsável pelas operações dos fundos de pensão Petros, dos funcionários da Petrobrás, Previ, do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa Econômica Federal. Segundo ele, o ex-assessor especial da Casa Civil Marcelo Sereno era apontado como o encarregado de operar no mercado pelos fundos de pensão de menor porte.
Funaro não apresentou nenhuma prova de influência de Vaccari sobre os três fundos de pensão. “Estou apenas falando o que se comenta no mercado. Não estou afirmando nada nem acusando ninguém”, frisou ele. “O que ouço no mercado é que o João Vaccari, que foi presidente do Sindicato dos Bancários e é ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e ao governo do PT, seria o responsável pela operação dos fundos Petros, Previ e Funcef. Sereno seria o responsável pela operação dos fundos menores.”
No depoimento de mais de três horas, Funaro negou conhecer Sereno e Dirceu. “Nunca falei com o ex-ministro nem com o Sereno.” Dirceu teve o mandato de deputado cassado, sob acusação de comandar o esquema do mensalão.
Funaro confirmou ser amigo do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, presidente do PL. O ex-parlamentar renunciou para evitar um processo de cassação. Foi via Guaranhuns que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza repassou cerca de R$ 7 milhões para o PL.
“Nunca fiquei tão surpreso como quando soube da transferência dos recursos do Marcos Valério para a Guaranhuns”, disse Funaro. Ele afirmou que não conhece Valério e negou ter recebido recursos da agência SMPB.
Garantiu, ainda, que não tem negócios com fundos de pensão. Funaro, dono da Stockolos, disse que vendeu a Guaranhuns para José Carlos Batista em 2001. Também confirmou que é amigo do operador de mercado Naji Nahas e refutou as suspeitas de que é doleiro.
“Valeu a vinda do Funaro à CPI porque ficou claro, entre outras coisas, que a declaração de Imposto de Renda dele é incompatível com a movimentação”, observou o sub-relator de fundos de pensão da CPI, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Apesar das negativas de Funaro, a CPI apurou que ele teria dado prejuízo de R$ 100 milhões a fundos de pensão.

Fonte: O Estado de S. Paulo
 http://www.anabb.org.br/mostraPagina.asp?codServico=4&codPagina=15521