Diretor de empresa garante que fundos terão retorno de investimentos
Deputados cobram fiscalização dos investimentos dos fundos de pensão
Durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, o dono da empresa Canabrava, produtora de álcool e açúcar, Ludovico Tavares Giannattasio, garantiu que os fundos terão retorno de seus investimentos na empresa.
O Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, e o Postalis, o plano de previdência dos funcionários dos Correios, investiram, ao todo, na Canabrava, R$ 305 milhões.
O empresário depôs por conta de suspeitas em torno da operação. A Canabrava atraiu investidores dispostos a financiar usinas para produzir etanol e gerar energia com bagaço de cana-de-açúcar. Já em 2011 obteve grandes aportes do Petros e do Postalis, somando os R$ 305 milhões.
Segundo Ludovico Tavares, o projeto é de 10 anos, com a captação de recursos tendo início em 2011. Ludovico Tavares disse que o período de investimento termina após oito anos e só então os fundos receberão participação e lucros.
O empresário assegurou aos parlamentares que os fundos vão reaver o dinheiro investido. “Com toda certeza. Estou negociando a entrada de dois grupos do exterior. Como o Brasil agora está barato, vou assinar nesta semana com um fundo de investimento da Madeleine Albright. Ela foi secretária de Estado dos Estados Unidos e tem um fundo em Nova York. O representante dela esteve conosco e ela está definindo o investimento que ela vai fazer.”
A usina da Canabrava foi inaugurada em 2012, mas, de acordo com reportagem da revista Exame publicada no último mês de agosto, o faturamento anual foi de R$ 186 milhões e o prejuízo de R$ 185 milhões, conforme os investidores, com base em balanços de quatro empresas do grupo. No entanto, Ludovico Tavares disse que, em 2014, o empreendimento apresentou lucro, mas, conforme avaliou, o resultado não deverá se repetir em 2015 por causa da falta de chuva.
Contradição
Para o presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-PB), o depoimento foi contraditório e precisa ser esclarecido. O deputado considerou que o depoimento ilustra a dificuldade de se fazer a fiscalização desse tipo de investimento no País. “É preciso esclarecer, é preciso ir a fundo e identificar contradições. Um fundo de investimento que conseguiu arrecadar mais de R$ 300 milhões de fundos de pensão, é preciso investigar o destino desse dinheiro. Todos eles justificam que é porque tem um tempo de amadurecimento. O que a gente vê é que de tanto esperar o negócio amadurecer, tem uns que estão ficando podre e, na hora de dar resultado, tem sido um grande prejuízo para os aposentados.”
Fiscalização
A CPI também ouviu, nesta terça, representantes de órgãos de fiscalização. De acordo com o diretor de Fiscalização da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Sérgio Djundi Taniguchi, o BNY Mellon administra 11 fundos, inclusive o Postalis.

Ele avaliou que o Mellon tem grande participação na administração do Postalis e que parte dos problemas tem influência do banco. Taniguchi disse ainda que a Previc tem cobrado do Postalis a reparação dos prejuízos aos cotistas e revelou que a entidade tem a intenção de entrar com novas ações judiciais contra o BNY Mellon.
O chefe do Departamento de Supervisão Bancária do Banco Central, Paulo Sérgio Neves de Souza, disse que o banco acompanha de perto e que poderá tomar providências caso se comprovem ações para prejudicar o Postalis.
O relator da CPI, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), ressaltou que além de punir os responsáveis por eventuais negligências, “a CPI também quer ajudar a recompor as perdas dos fundos”.
A CPI dos Fundos de Pensão teve prazo prorrogado na semana passada e, segundo o presidente Efraim Filho, o relatório final deverá ser votado em março de 2016.
Edição – Regina Céli Assumpção