Em 05.12.2015
Raul Corrêa Rechden
Estamos vivendo um momento singular na vida da nossa Fundação.
Depois de anos a fio de práticas de gestão ruinosas, em que nossos recursos foram dissipados em investimentos arriscados, ilíquidos e pouco rentáveis, quando não suspeitos, as consequências vieram à tona. O déficit atuarial explodiu e, mesmo com a flexibilização da regra de equacionamento, seremos chamados a contribuir para a sua eliminação. Sabemos de antemão que a Petros tentará descontar mesmo dos que ainda são regidos pelos artigos 41 e 48 do regulamento do PPSP.
O descalabro foi de tal ordem que quem manda na Petros – veremos mais abaixo quem possa ser – se obrigou a substituir a diretoria. Esperava-se que com a missão de corrigir os rumos da gestão, recolocando-a nos trilhos. O que se constata, no entanto, é que a substituição foi feita para nos iludir e assim ganhar tempo. Colocaram na Presidência da Petros um elemento do mesmo grupo que a desgraçou, com a agora claríssima missão de dissimular os desmandos das gestões anteriores.
A tentativa de enganar a sociedade e acobertar os malfeitos dos companheiros que os precederam ficou muito clara no depoimento que fez na CPI das Fundações, em 1º de setembro. Torceu os fatos sem respeitar qualquer limite com o fito de fazer os deputados crerem que o rombo do nosso fundo tem apenas dois culpados: os aposentados, que querem nadar em dinheiro, e a Vale do Rio Doce, negócio em que a Petros foi metida por obra de Fernando Henrique Cardoso.
Cobrado em suas alegações, reagiu intimidando dois idosos com medidas judiciais. Interpelado por escrito, não respondeu. Não respondeu porque sabia que qualquer resposta que não fosse a verdade seria prontamente desmontada pelos interpelantes, que já nas perguntas demonstravam saber as respostas corretas, que não eram as que ele se proporia a dar.
Não satisfeito com isso, suspendeu a publicação do relatório de atividades, para aumentar ainda mais a angústia dos assistidos que temem pelo futuro de seus proventos.
É dentro desse quadro que o conselheiro eleito Sílvio Sinedino depõe na CPI e, em meio a outras revelações esclarecedoras, relata que certa vez o diretor da Petrobras Almir Barbassa lhe afirmou que quem manda na Petros é o “Instituto”. Sabe-se lá que instituto e esse, mas desconfia-se. Poderia ser, por exemplo, o Instituto FHC…
Seja que instituto for, é espantoso: nosso patrimônio não é gerido por quem de direito. São mais de 60 bilhões de reais do PPSP (poderiam ser mais de 70, mas o “Instituto” já concluiu com êxito parte de sua missão) entregues de forma espúria a uma entidade tão ilegítima para tal que o sr. Barbassa sequer teve coragem de nomeá-la por inteiro. A Petrobras limita-se a legitimar a nomeação. Entendo agora por que a ex-presidente Graça Foster, para espanto meu, certa vez declarou que não tinha a mínima ingerência na Petros. Claro, a Petros havia sido entregue para uma facção que não tolera interferências.
Estamos então vivendo a seguinte situação:
1 – A Petros está sendo presidida por um cidadão que intimida os donos do patrimônio que ele tem a missão de bem administrar, esconde-lhes a situação das respectivas contas, acusa-os injustamente de serem responsáveis pela dilapidação dos recursos e não responde a seus questionamentos;
2 – Esse cidadão, por todos os seus atos e atitudes, tenta varrer para debaixo do tapete as inúmeras tropelias dos que o precederam na gestão da Petros, impedindo que os lesados tomem consciência das mesmas e passem a exigir a punição dos responsáveis e a reparação das perdas que intencionalmente provocaram;
3 – Esse cidadão ordenou, ou permitiu, que a principal fonte de informação dos participantes quanto à saúde de seu plano de aposentadoria deixasse de ser publicada com regularidade, deixando de cumprir com sua obrigação legal de informar.
4 – Esse cidadão foi nomeado mediante um processo espúrio envolvendo irresponsável e abominável tráfico de influência, e carece de qualquer legitimidade para presidir a Petros, o mesmo valendo para os membros da diretoria colegiada. Conviver com esse estado de coisas é uma humilhação para os conselheiros eleitos e para os participantes.
Não há, portanto, qualquer perspectiva de melhora consistente na governança da Petros, que sob as ordens desse cidadão continuará comprometida com o projeto espúrio de poder que tão bem conhecemos.
Se há alguma esperança de mudar esse quadro, envolve a união de todos em torno de nossa liderança eleita.
O momento é grave, o PPSP está naufragando, seremos chamados a tapar o buraco. Não há mais espaço para vaidades e picuinhas, quem se beneficia delas são os nossos inimigos. Os eleitos por nós têm que decidir de que lado estão, e esse lado só pode ser o nosso. E partir para a luta, denunciando, exigindo a destituição dessas pessoas que não têm legitimidade para estar onde estão. O presidente já deixou bem claro a que senhor serve, e esse senhor não somos nós.
O Sinedino apontou o caminho quando depôs na CPI das Fundações. Que os outros conselheiros assumam posição ao seu lado. E que as diversas entidades que nos congregam lhes dêem respaldo.
Reitero a afirmação: “Os eleitos por nós têm que decidir de que lado estão, e esse lado só pode ser o nosso. E partir para a luta, denunciando, exigindo a destituição dessas pessoas que não têm legitimidade para estar onde estão”.
“O opressor não seria tão forte se não tivessem tantos cúmplices entre os oprimidos”.
<>