NICOLA PAMPLONA
LUCAS VETTORAZZO
Folha de São Paulo
As incertezas com relação à Sete Brasil levaram a Petrobras a reconhecer perdas de R$ 676 milhões com o investimento feito na operadora de sondas de perfuração de poços petrolíferos.
A informação está no balanço do terceiro trimestre da estatal, que apresentou prejuízo de R$ 3,8 bilhões e ampliou as preocupações de analistas com relação à capacidade da empresa de levantar recursos para cumprir seus compromissos.
Procurada, a Petrobras não respondeu ao pedido de esclarecimentos sobre as perdas na Sete Brasil, criada em 2010 em parceria com instituições financeiras para fornecer 28 sondas para o pré-sal.
A Folha apurou que a empresa decidiu fazer a baixa no ativo ao reconhecer que o valor de mercado da Sete Brasil é hoje inferior ao investimento realizado na companhia.
BALANÇO
Petrobras e Sete vêm negociando redução no número de sondas para adequar os contratos à nova projeção de investimentos da estatal.
“A dinâmica da Sete mudou muito no último ano. A grande questão é: quantas sondas a empresa vai reconhecer em seu balanço?”, comentou o analista Marcos Severine, do JPMorgan.
A Petrobras diz no balanço que as perdas referem-se às suas participações na Sete de forma direta e por meio do Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Sondas, que somam 9,36% do capital da companhia.
SOCIEDADE
A estatal reduziu o valor patrimonial de sua participação na Sete Brasil de R$ 746 milhões no final de 2014 para R$ 335 milhões no dia 30 de setembro –somando as fatias direta e indireta.
A crise da empresa de sondas, na qual sócios e os credores já colocaram mais de R$ 20 bilhões, agravou-se com seu envolvimento na Lava Jato e preocupa os investidores.
Além da Petrobras, a Sete tem como sócios os bancos BTG e os fundos de pensão Petros, Previ, Valia e Funcef. Desde o início do ano, acionistas vêm anunciando provisões para perdas com a empresa.
Notas de S.O.S. Petros
Barusco disse pela primeira vez que Lula, então presidente, e Dilma, na época ministra-chefe da Casa Civil, participaram da reunião que foi o embrião da criação da Sete Brasil, empresa investigada na Lava Jato. Segundo Barusco, os negócios de construção de sondas para a Petrobrás renderiam US$ 240 milhões em propinas – 1% do valor dos contratos. Barusco disse que US$ 4,5 milhões eram para o PT.
“Essas propinas foram pagas com o dinheiro dos fundos de pensão”, afirma o presidente da CPI. Efraim Filho observa que a Sete Brasil recebeu aporte de R$ 3 bilhões oriundos de três fundos de pensão – Funcef, Petros e Previ.
A Sete Brasil, em menos de um mês de criação, recebeu aporte de R$ 3 bilhões de Previ, Petros e Funcef.
Atualmente a Petros, tem exposição total de R$ 2,5 bilhões na Sete Brasil
O diretor de investimentos da Petros Licio da Costa Raimundo é o presidente do conselho de administração da Sete Brasil e a demissionária gerente de investimentos privados da Petros, Thais Brescia é a presidente do conselho fiscal.
É estranho em tudo isso é que os conselheiros eleitos para a Petros, Paulo Brandão e Fernando Siqueira, defendem publicamente essa aventura de perdas e prejuízos na Sete Brasil, que tanto prejuízo vai causar à Petros. Justamente eles que deveriam nos representar perante à Petros e salvaguardar os interesses dos participantes. Eles nos devem claras e objetivas explicações. A quem estão servindo?
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