A Petros publicou ontem, no seu portal da internet, nota “Esclarecimento sobre Itaúsa”, transcrita ao final dessa nota.
A matéria é totalmente inócua frente às várias denúncias que aqui já foram feitas e, encaminhadas aos diversos órgãos de fiscalização do sistema, Previc, CVM, MPF, PF, TCU, CPI dos Fundos de Pensão.
Como esse Esclarecimento nada responde ou a nada se refere sobre fatos recém descobertos que também já foram encaminhados aos órgãos acima, como subsídios às nossas denúncias, certamente só serve para provocar ilusões em alienados de plantão que se contentam com informações desconectadas da realidade de toda a operação e nada mais pesquisam aceitando o dito pelo não dito.
Sobre essa operação já foram feitas, a partir da análise inicial do Domingos Saboya, centenas de denúncias, e acréscimos vários, em novas descobertas, culminando com a mais recente que aponta indícios sérios, documentados, de uso de informação privilegiada por parte da principal vendedora dessas ações no leilão de 30/12/2010, a Camargo Correa que, sequer, é mencionada nesses novos/velhos esclarecimentos.
Sobre a nota de ontem, há várias impropriedades:
– nada se fala sobre o prejuízo imediato causado pelo operação que atingiu, naquele momento, R$16 milhões, prova inconteste que os títulos recebidos em troca dos originais (que tínhamos recebido no acerto de 2001) só beneficiaram o Tesouro Nacional que alongou a dívida pública até 2050. Foram vendidos, para a compra das ações, o equivalente a R$2,6 bilhões em títulos e, se mais tivéssemos que vender, maior teria sido nosso prejuízo.
– nada se fala sobre a perda de rendimento se compararmos os dividendos recebidos por essas ações vis a vis aquilo que obtínhamos com os títulos NTNB´s que vendemos para poder comprar tais ações.
– também nada se fala sobre o preço superavaliado que fomos obrigados a pagar e que causou prejuízo irrecuperável de mais de R$ 500 milhões, mercê de sermos os únicos compradores do lote que pertencia à Camargo Correa (envolvida na operação Lava Jato) e termos aceito um preço superior ao que tais ações valiam quando deveríamos exigir um deságio substancial.
– a Petros só atingiu os 15% do capital votante da holding, a partir de 10/1/2014, quando enviou comunicado à Itaúsa, dando-lhes ciência desse fato, após anos de corrida atrás desse valor, a partir de junho de 2011. De se lembrar que no leilão de 30/12/2010, foram adquiridas ao preço de R$14,485 (totalizando investimentos de R$3,09 bilhões), o equivalente a 12,70% do capital votante, sendo 11,43% da Camargo Correa
– a partir de junho de 2011 até janeiro de 2015, a Petros foi a maior compradora a mercado dessas ações, atingindo em determinados meses o equivalente a mais de 95% de todas as ações que eram negociadas na bolsa de valores. Acompanhem na colagem abaixo, o que ocorreu durante esses 5 anos de compras intensivas.
– a nota sequer menciona que a operação foi considerada irregular pela Previc em denúncia que lá fizemos e já causou o indiciamento do ex-diretor e ex-presidente Luiz Carlos Fernandes Afonso. Evidente que consciente da afirmação dada à CPI dos Fundos, no último dia 1/9/2015, pelo atual presidente da Petros, Sr. Henrique Jäger e reiterada no primeiro parágrafo desse “Esclarecimento”, também não concordamos que só o Sr. Luiz Carlos Afonso tenha sido jogado aos lobos e insistimos junto a todos os órgãos fiscalizadores, anexando as duas Atas correspondentes, que todos os envolvidos, 4 diretores da Diretoria Executiva da Petros e os 6 conselheiros deliberativos são coautores da ação, a todos, cabe a responsabilidade pelos prejuízos causados ao nosso fundo de Pensão.
– ao relatar sobre o desempenho das ações é evidente que a atuação da Petros, como maior compradora dessas ações teve influência direta na alteração do valor de mercado. Isso ficou evidenciado em dezembro de 2013, quando as ações haviam atingido seu menor preço do ano (R$9,65 em 13/12/2013) e fecharam o ano em 30/12/2013 valendo R$12,70, valor este que foi usado para provocar uma falsa ilusão no balanço final da fundação em 2013, diminuído seu déficit em cerca de R$1 bilhão. Prova disso é que já em fevereiro o preço da ação voltou a um valor ainda menor, R$9,10, o que desmistifica o percentual positivo de 0,4% informado na nota.
– aliás, sobre essas operações que ocorreram em dezembro de 2013 também fizemos denúncia em todos aqueles órgãos acima citados.
– é claro que a incoerência da informação vai ainda mais longe, conforme se enxerga na frase “A performance de Itaúsa é determinada principalmente pelo Banco Itaú, que representa mais de 95% de seu resultado.”. Se o banco Itaú representa mais de 95% do resultado, como aceitar que 2014 teve um cenário adverso, resultando em valor negativo de 12,3% para as ações, afinal o lucro do Itaú em 2014 subiu para R$20,242 bilhões, ou seja, 29% acima do resultado de R$15,696 bilhões registrado em 2013.
– deixa a desejar a informação sobre o que envolve a Petros ter atingido o percentual de 15% do capital votante em Itaúsa. A Petros, como não era do conhecimento do Sr. Henrique Jäger, no depoimento de 1/9 e que acabou corrigido pela sua assessoria ao final dele, já ocupava uma cadeira no CA da Itaúsa, resultado não da Petros ter comprado ações Itaúsa que fariam parte de algum grupo de controle mas como mera concessão aceita pelos controladores da Itaúsa (grupo Vilella Setúbal) que permitiam à Camargo Correa manter um conselheiro, na base da relação de amizade. Tudo indica que a continuação dessa concessão que se estendeu à Petros, portanto, foi mantida para que o negócio se realizasse. O conselheiro em Itaúsa era o José Sérgio Gabrielli, que ficou no posto a partir de abril de 2011 até a última assembleia ordinária realizada em abril deste ano pela holding. Ao contrário do que sugere a nota, tanto a Camargo Correa, quanto a Petros, agora com 15% (valor esse relativo na indicação de conselheiros, vide o que aconteceu na Brasil Foods, quando perdemos a indicação para a união da Tarpon com a Previ), não fazia, como não faz parte de qualquer Bloco de Controle. Em Itaúsa, o Acordo de Acionistas não abre qualquer espaço a participantes externos às duas famílias, portanto o Bloco de Controle é mantido unido há décadas e, na visão do mercado, que sabe do que afirma, sem qualquer perspectiva de quebra de união.
– A gestão da Petros não dá conta dos prejuízos que foram causados à nossa fundação, como então aceitar um absurdo como o que diz a frase “Desta forma, a Fundação tem um diferencial no que diz respeito à atuação sobre a governança corporativa e fiscalização da Itaúsa.”. Certamente se o Sr. José Sérgio Gabrielli tivesse dado algum palpite na gestão da Itaúsa, a empresa, por ser privada, estaria fechada, por falência geral e não morrendo vagarosamente como estamos assistindo com a nossa maior empresa, a Petrobrás.
– deixa a desejar, ainda, a outra afirmação sobre os rendimentos recebidos em juros e dividendos, pois é exatamente o retorno desse investimento, bem como de praticamente todos os demais investimentos em variáveis e variáveis estruturados, os responsáveis diretos pelo absurdo rombo de R$10,75 bilhões em julho de 2015, valor este já acima de 10% dos nossos ativos, o que nos candidata, a todos, a pagar o rombo causado pelos péssimos investimentos que nossos gestores andaram provocando e que envolvem também, Invepar, sete brasil, norte energia, Lupatech, brasil Pharma, Dasa, grupo Galileo, IMV, etc. etc. etc., além de mais de 70 outros títulos que obrigaram a fundação a prover mais de R$857 milhões para devedores duvidosos no relatório das Demonstrações Contábeis de junho/2015
– afirmativa que consta do relatório Prestando Contas de julho de 2015 “Total dos Ativos de Investimentos dos planos administrados pela Petros é de R$ 69,6 bilhões, com rentabilidade acumulada nos últimos 12 meses de 5,74%, frente à meta atuarial de 15,72%.”
– porém é muito salutar o ato falho cometido pela nota de Esclarecimento, “A posição em ações ordinárias de Itaúsa se mantém na carteira de investimentos da Fundação, portanto a Petros não realizou prejuízo relativo a este investimento.”.
É necessário dizer mais alguma coisa?
Sérgio Salgado
sersalga.2304@gmail.com
Fones (13) 3222-3329 e (13) 99118-6204
Portal Petros – Notícias em 03/11/2015 – Esclarecimento sobre Itaúsa
Em dezembro de 2010, o Conselho Deliberativo da Petros – composto por três representantes indicados pela patrocinadora e três eleitos pelos representantes – aprovou, por unanimidade e condicionada à prerrogativa da Petros ter assento no Conselho de Administração, a compra de ações ordinárias da Itaúsa, holding de capital aberto que controla o Itaú Unibanco Holding S.A. e suas controladas Banco Itaú e Banco Itaú BBA, no segmento financeiro, e Duratex, Itautec e Elekeiroz, no segmento industrial. A performance de Itaúsa é determinada principalmente pelo Banco Itaú, que representa mais de 95% de seu resultado.
A compra de ações da Itaúsa foi realizada após um ano de análise, com base no desempenho histórico da empresa, expectativas de crescimento do setor bancário brasileiro, análise de sensibilidade da relação entre o crescimento do PIB e retorno de Itaúsa, projeções de fluxo de caixa, nível de governança corporativa adotada, expectativa de valorização e pagamento de dividendo. O investimento teve como estratégia o foco no longo prazo, com diversificação tanto em termos de empresas quanto de setores, e a concretização do negócio envolveu inúmeras análises e estudos necessários à decisão da Petros.
As ações de Itaúsa possuem cotação em Bolsa de Valores, portanto a participação detida pela Petros é precificada ao valor de negociação no mercado, podendo sofrer variação de acordo com a oscilação de Bolsa, da mesma forma que ocorre com todos os outros investidores em ações da Itaúsa.
O desempenho das ações foi positivo em +3,8% em 2011, +14,4% em 2012 e +0,4% em 2013, quando começou a registrar queda em função da crise econômica. Já em 2014, diante do cenário adverso, a performance das ações foi de -12,3%.
Desde 2011, a Companhia já distribuiu R$ 8,5 bilhões em proventos (dividendos e juros sobre o capital próprio) aos seus acionistas, evidenciando sua capacidade de geração de lucro.
A participação da Petros em Itaúsa equivale a 15% de seu capital votante e 5,8% do capital total, percentuais que conferem à Petros o direito de eleger um membro para o Conselho de Administração e um membro para o Conselho Fiscal da Companhia. Desta forma, a Fundação tem um diferencial no que diz respeito à atuação sobre a governança corporativa e fiscalização da Itaúsa.
A posição em ações ordinárias de Itaúsa se mantém na carteira de investimentos da Fundação, portanto a Petros não realizou prejuízo relativo a este investimento.
https://www.petros.com.br/PortalPetros/faces/Petros/arqnot/not?_adf.ctrl-state=i22g9u6tx_4&content=WCC027419&_afrLoop=1680301007022284
Você precisa fazer login para comentar.