Petros não encontra irregularidades em suas aplicações

07/10/2015 05:00
Por Ana Paula Ragazzi

Nas investigações internas que conduziu, desde sua chegada à presidência da Petros, seis meses atrás, o presidente Henrique Jäger afirma que não encontrou irregularidades nas aplicações.

“Todas as etapas exigidas para um investimento, como aprovação nos comitês, foram cumpridas. Também não houve nenhuma aplicação que, de cara, fosse possível identificar que não fosse apresentar boa performance”, disse ao Valor o presidente do fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. As investigações estendidas pela patrocinadora ao fundo, por conta da Operação LavaJato, continuam ainda sem um relatório final. “Sabemos que a Polícia Federal está conduzindo investigações. Se houve algum desvio externo, se a Petros perdeu recursos,vamos querer o dinheiro de volta”, diz.

Uma apuração interna ainda não está exatamente concluída. Ela refere-se
às aplicações em crédito privado, de onde saíram alguns casos ruidosos no mercado, como investimentos no fundo Trendbank, que possuía papéis de empresas investigadas na LavaJato, ou as debêntures da Galileo, que controlada a UniverCidade e a Gama Filho, descredenciadas pelo Ministérios da Educação ano passado. Esse investimento está sob avaliação pois não foi aprovado por unanimidade pelo comitê de investimentos.

A EY foi contratada para fazer uma consultoria sobre esses créditos, mas, segundo Jäger o trabalho apresentado “não seguiu o escopo do contrato”. “A diretoria anterior pediu que a EY analisasse um por um esses créditos, se eles seguiram as regras da casa. Na nossa avaliação, esse trabalho não foi feito. Agora os próximos passos sobre essa questão serão definidos no conselho deliberativo”, afirmou. Procurada, a EY não retornou ao pedido de entrevista.

A Petros, para diversificar os investimentos a partir de 2007, em função da mudança do cenário para os juros e consequentemente para as aplicações em títulos públicos, passou a ampliar investimentos nesse tipo de crédito e também em renda variável. Em crédito privado, foram mais de 200 aplicações e, segundo Jäger, 73 apresentaram problemas em todos os casos, a fundação vai acionar as garantias que possui na Justiça para reaver os investimentos.

Apesar desses problemas, o presidente da Petros diz que esse não foi um mau investimento. Isso porque a carteira de crédito da Petros investiu em valores históricos R$ 7 bilhões e o investimento atingiu os R$ 9 bilhões necessários para bater a meta atuarial. “Alguns créditos estão inadimplentes, mas temos excelentes garantias na maioria deles e quando conseguirmos receber na Justiça, haverá um incremento do resultado”, diz.

Ainda assim, houve uma mudança nessa política de investimento. A diretoria anterior escolheu diluir riscos fazendo várias aplicações pequenas, que Jäger classifica como “de varejo”, da ordem de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões. Mas agora esse tipo de operação não está mais no horizonte. “Não fecharemos mais essas transações de crédito com rating de agência nacional. Uma pequena operação não se financia com rating internacional”, afirma Jäger.

A gestão da carteira de crédito privado foi totalmente terceirizada e está hoje dividida entre Brasil Plural, Polo Capital e Canvas. “Como não estamos hoje fazendo novas operações, o trabalho deles tem sido o de fazer cobranças de créditos inadimplidos e administrando os adimplentes”, afirma o presidente da Petros.

A primeira medida de Jäger no comando do fundo foi criar uma diretoria de riscos. Isso equivale dizer que a fundação acompanhará mais de perto riscos embutidos em seus investimentos, uma vez que a falta desse monitoramento pode ser apontada como uma fragilidade. A auditoria interna e a ouvidoria foram reforçadas, para não apenas identificar ilícitos, mas também a possibilidade de ilícitos. Além disso, a partir de agora, a auditoria da Petros presta contas ao conselho deliberativo, instância máxima da fundação. Antes, estava vinculada à diretoria.

Segundo Jäger, a ideia é que no futuro a remuneração variável na fundação seja atrelada também a indicadores de gestão de risco e não apenas de performance.

http://www.valor.com.br/financas/4258886/petros-nao-encontra-irregularidades-em-suas-aplicacoes