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Como fugir da tragédia dos fundos de pensão
// O Pequeno Investidor
Tempo de leitura: 4 minutos
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Criados para cuidar das aposentadorias e pensões de servidores e empregados públicos, os fundos de pensão brasileiros são, hoje, uma tragédia anunciada. Somente os maiores fundos de pensão do país cuidam da aposentadoria de mais de 600 mil brasileiros e de benefícios relativos a mais de 3 milhões de pessoas. E todos – todos! – estão sujeitos a uma tragédia parecida com a anunciada recentemente pelo Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios.
De acordo com estudo feito pela Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), os 86 fundos de pensão com patrocínio de empresas estatais tiveram em 2014 o maior déficit da história: um rombo de nove bilhões de Reais. Os seguintes trechos de matéria publicada recentemente no Portal Infomoney são assustadores: “Na Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, de um ano para outro o déficit passou de 3,1 para 5,5 bilhões de reais. Na Petros, dos empregados da Petrobrás, o déficit foi de 2,3 bilhões para 6,2 bilhões de reais. (…) Já o Postalis acumulou rombo de R$ 5,6 bilhões”. Mas por que esses rombos aconteceram? E, principalmente, como os funcionários públicos, que dependem dessas instituições para sua aposentadoria, podem se proteger?
A primeira pergunta é facilmente respondida. Os fundos de pensão chegaram a essa situação porque são geridos por políticos que não entendem nada de gestão de investimentos. Em virtude da forma de indicação para o cargo, os “administradores” (se é que podem ser chamados por tal nome) desses fundos acabaram investindo mais em razão de interesses políticos do que em função da rentabilidade dos investimentos para os interessados neles – os milhões de aposentados e pensionistas que devem viver dos frutos desses rendimentos na fase da vida em que mais necessitarão deles. A Postalis, por exemplo, investiu boa parte de seus recursos em pomposos investimentos na Venezuela e na Argentina, além de ter comprado ações do garoto propaganda do Brasil empreendedor, Eike Batista. O Petros, por sua vez, investiu em debêntures do grupo Galileo, que se encontrava praticamente falido, além de ter aplicado recursos em ações da Lupatech, uma empresa que se encontra em recuperação judicial. Ambas investiram no quebrado banco BVA. Sem contar que os fundos de pensão foram um importante braço na corrupção investigada na operação Lava-Jato.
Mas o que o funcionário público poderia fazer para se proteger? Uma única coisa: acordar pra vida assumir a responsabilidade pela sua própria aposentadoria.
Não apenas os funcionários públicos, aliás. Quem depende da aposentadoria pelo INSS também. Acredite: governos e gestores de fundos de pensão não administrarão bem o dinheiro de sua contribuição e casos como os narrados não serão os únicos. Não por acaso, isso também acontece muito ao redor do planeta. Em San Diego (EUA), por exemplo, o prefeito desviou dinheiro do fundo de pensão dos servidores públicos da cidade para aumentar o orçamento público. O fundo de pensão de Detroit, também nos EUA, também sofreu desvios em virtude de corrupção e investimentos ruins. Recentemente, o órgão regulador do sistema previdenciário holandês anunciou que supervisionaria os fundos de pensão em virtude do risco de corrupção. Não, administração ruim de fundos de pensão não é uma jaboticaba.
Por isso, não tem jeito. Assuma as rédeas da sua vida financeira e comece a economizar o quanto antes.
Eduque-se financeiramente. Como? Leia bons livros. Alguns eu indico.
Separe uma parte substantiva do seu orçamento mensal para dedicar aos investimentos para sua aposentadoria.
E invista. Todo mês. Sempre.
Investir em quê? Tesouro direto, ações, imóveis, fundos de investimento imobiliário, fundos de ações, debêntures.
Existem infinitas possibilidades.
Mas não vou dizer – como muitos e muitos me pedem! – exatamente em que você vai investir. Cabe a sua educação financeira determinar em que você deve investir. A lição de casa é sua. Não jogue para mim a responsabilidade de decidir a sua vida. Assim como você não pode deixar sua aposentadoria inteira nas mãos de um gestor de fundo de pensão indicado politicamente, você também não deve jogar nas mãos de ninguém a responsabilidade de decidir seus investimentos. Afinal, é seu bolso – e só o seu – que está correndo todos os riscos. Por que outra pessoa deveria decidir por você? Minha tarefa, aqui, é apenas ensinar um pouco sobre as opções a sua disposição. O caminho, meu caro, cabe a você trilhar.
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