Boom de petróleo deve desacelerar nos EUA

05h00
Por Sergio Lamucci

A produção de petróleo nos EUA cresceu 1,2 milhão de barris por dia em 2014, a maior alta em mais de cem anos, atingindo a média diária de 8,7 milhões de b/d. O forte crescimento da oferta americana é um dos principais fatores que explicam o mergulho dos preços do petróleo, que caíram cerca de 50% desde meados do ano passado. Em termos relativos, houve alta de 16,2% na produção no país, a maior desde 1940, segundo dados da Agência de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês). Há dados disponíveis desde 1900.

A maior parte do aumento ocorreu nos campos de Dakota do Norte, Texas e Novo México, Estados onde a produção cresceu muito devido à extração do petróleo de xisto. Isso se tornou possível devido ao avanço das técnicas da fratura hidráulica e da perfuração horizontal ocorrido nos últimos anos.

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Com o forte tombo nos preços do petróleo, muitas empresas americanas já reduziram significativamente o número de plataformas de perfuração em operação e fizeram cortes drásticos em novos investimentos. Os volumes produzidos, contudo, ainda continuam a aumentar. Em fevereiro deste ano, a produção média ficou em 9,4 milhões de barris por dia, segundo estimativas preliminares da EIA.

Para o professor Mark Perry, da Universidade de Michigan, os volumes ainda seguem em alta pois as empresas se concentram agora nos poços mais produtivos, abandonando num primeiro momento os menos eficientes. Ao longo do ano, essa estratégia deverá se traduzir em expansão mais fraca da produção, diz ele. A EIA, por exemplo, projeta aumento de 8,1% neste ano e de 1,5% no ano que vem.

“A desaceleração do crescimento fica mais evidente quando se analisa a produção entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015,”, diz nota da EIA, que prevê aumento de apenas 200 mil barris por dia nesse período. Em janeiro, já houve pequena queda da produção na Dakota do Norte, segundo os dados mais recentes sobre o Estado.

Com a chamada revolução do xisto, o panorama da produção de petróleo nos EUA mudou drasticamente. Ela aumentou continuamente desde 2009, depois de um período em que, entre 1985 e 2008, havia caído em todos os anos, com exceção de 1991. O volume médio produzido em 2014, de 8,7 milhões por dia, é o maior registrado desde 1985.

A queda dos preços do petróleo se acentuou a partir de novembro do ano passado, quando a Arábia Saudita deixou claro que não reduziria a sua produção mesmo num cenário de recuo das cotações, focando na manutenção de sua fatia de mercado. A jogada saudita pegou muitos produtores no contrapé, entre eles muitas companhias da indústria de petróleo de xisto nos EUA. Mas essas empresas têm ajustado rapidamente a sua estratégia, reduzindo investimentos e cortando custos.

“Este vai ser um ano difícil para o setor, especialmente para as pequenas empresas”, diz Perry, também pesquisador do American Enterprise Institute (AEI). Ele acredita, porém, que a maioria das companhias conseguirá passar pelas dificuldades, especialmente se os preços voltarem a subir um pouco, como espera a maior parte dos analistas. A EIA, por exemplo, estima que os preços do barril do West Texas Intermediate (WTI) ficarão em US$ 52 na média de 2015 e em US$ 70 na de 2016 – hoje o WTI está um pouco abaixo de US$ 49.


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