Análise do Relatório de Atividades da Petros até 12/2014

Sérgio Salgado

Logo em seguida ao envio da mensagem anterior, fui visitar o portal da Petros e, para minha surpresa, eles disponibilizaram os dois RA´s (out e dez/2014) que faltavam para completar o ano. As notícias não são nada agradáveis. Estou em dúvida se a Petros atinge, com mais esse resultado negativo, o 3º ano de déficit seguido. Se isso aconteceu, preparem o bolso para sustentar a dona Dilma e sua entourage, pois, ainda que com choro e ranger de dentes, sobrará para nós pagarmos a conta, seja com aumento de contribuição, seja com diminuição de benefício. Aos não repactuados restará uma enorme briga na justiça em busca da responsabilização dos atores dessa tragi-comédia por conta do item X do artigo 48.. Já o pessoal repactuado vai entender FINALMENTE o porquê não deveria ter rasgado seu contrato original em troca de 3 benefícios.

Esperemos que os nossos conselheiros eleitos se dêem ao luxo de ao menos responder o primeiro parágrafo já que os demais, a considerar situações anteriores continuarão sem respostas e sem esclarecimentos.

Para começar, o déficit do Plano Petros do Sistema Petrobrás (Benefício Definido) fechou o ano em R$ 6.309.058.580,00 (em dezembro/2013 fechou irrealmente em R$2.279.223.189,00). Há no entanto uma situação gravíssima no contexto desse novo déficit, praticamente, com pequenas correções que os gestores tentaram aplicar e que vou comentar abaixo mas que não refrescam o resultado final, ao contrário novamente escondem a situação real do Plano. E, ao invés disso, somente corroboram as enormes críticas feitas por nós a partir de fevereiro de 2014, quando foi revelada a fórmula que eles usaram para reduzir o déficit de 2013 – que foi a de manipular dados do fechamento.

Vamos na sequência da mensagem anterior.

a) Provisão para devedores duvidosos – os dados ainda não me chegaram às mãos, pois são de outro relatório. Assim que os tiver, atualizo.

b) Invepar – além de sobrevalorizarem seus ativos de nov para dez/2013 em 23,68%, agora em dezembro de 2014 novamente aumentaram o valor das ações, porém a empresa continua em péssima situação financeira, sem distribuir dividendos ou qualquer ou rendimento. Dessa forma, essa valorização, irreal, atingiu o valor de R$575 milhões (não fizemos aqui qualquer atualização financeira via ipca).

c) Norte Energia – em dez/2013 o valor das ações foi aumentado em 92%. Em 2014 aumentamos a participação em mais 000.000 ações que multiplicadas pelo seu valor unitário (R$1,92) significa que enFiamos no projeto R$134,4 milhões. A empresa está com grandes dificuldades, sem início de operação e, provavelmente pagando energia elétrico no mercado spot (compra caro e vende barato por conta de contratos não cumpridos se não conseguiram quebrar o galho junto à ANEEL). Em dezembro/2014, desvalorizaram o ativo em 11,19%, valendo suas ações agora R$1,70. Da mesma forma que Invepar, a sobrevalorização de dez/2013 permanece influenciando esse ativo. Se lá esse valor foi de R$ 875 milhões, hoje ele ultrapassa facilmente R$1 bilhão.

d) FIP Sondas – da mesma forma, em situação agora pré-falimentar, aumentou neste final de ano a participação financeira da Petros (mesmo percentual 17,64%) com novo aporte – o prejuízo estimado saltou para R$ 1,392 bilhão.

e) Itaúsa – sem qualquer comentário, desvalorização no ano de 23,62%. Em 13/12/2013 estava a R$9,65, fechou 2013 em R$12,70. Agora em dez/2014 seu valor era de R$9,70. Segundo cálculos do Raul Rechden, nossas perdas, IRRECUPERÁVEIS, atingem perto de R$1,8 bilhões.

f) Carteira de ações da Vale (FIA III) – conforme artigo que saiu em 25/2/2014, no Valor Econômico, as fundações que tem este ativo, faziam a valorização das suas cotas ao bel prazer de cada uma, gerando uma enorme discrepância entre elas e cada uma justificando o absurdo com novo absurdo. Por conta disso, neste final de ano a Petros desvalorizou suas cotas em 25,23%, ainda assim as ações ON, na bolsa, tiveram desvalorização de 38,64%, portanto até essa desvalorização é pré-fabricada, de forma a embelezar o fechamento. Conforme colagem abaixo, a Petros fabricou resultados em vários oportunidades, chegando a uma sobrevalorização de 93% em 2011.

Nós temos 68.272.121 cotas desse fundo (não sabemos quantas são as ações que essas cotas representam). Como o número financeiro do ativo é alto, mais de R$ 3,4 bilhões, mesmo com a desvalorização de dez/2014, dá para perceber o quanto de valor irreal está embutido neles. Se vendermos as ações em mercado, seguramente não teremos de forma alguma esse valor acima.

g) Não temos ainda os dados referentes ao Acordo de Obrigações Recíprocas (AOR). Em 2013 a Petros, com a concordância da Petrobrás (que em anos anteriores havia se negado a aceitar), fez uma atualização atuarial de 47,06%, impactando o valor em R$2,2 bilhões. Se considerarmos os valores que a Petros, ilegalmente (pois nós não somos empregados da Petrobrás para fazermos parte de acordo entre a FUP e a Petrobrás, conforme decidiu o STF), está assumindo pagar com o acordo dos níveis (pois a Petrobrás já deixou claro que não fará qualquer aporte), a conta será estratosférica.

Resumindo, o déficit registrado no Relatório de Atividades, em dezembro de 2014, pela Petros é, mais uma vez, FANTASIOSO, o valor é muito mais elevado, e seguramente atinge hoje mais de R$12 bilhões e não os R$6,3 bilhões registrados.

Meus caros, esse número é grande demais, confiram por favor e me avisem de algum erro.

Os gestores da petros vivem num mundo de fantasias e acham que nós somos os palhaços.