Sérgio Salgado
Admitido na Petrobrás em 20/1/1969 e aposentado em 30/9/1993. Em 1987 foi Assistente Administrativo (secretaria da Divisão de Utilidades). Por ter participado de greves foi transferido para o Setor de Obras. Trabalhou no Setor de Orçamento da Divisão Financeira, onde se aposentou. Sindicalista eleito em Assembléia para a Comissão que apurou desvio de conduta administrativa e financeira de parte da diretoria do Sindipetro (1997/2000), que resultou na expulsão dos envolvidos, alguns ligados a CUT e Articulação Sindical. Diretor do Sindipetro – Litoral Paulista (2000/2003). Reeleito suplente de diretor por duas vezes 2003/2006 e 2006/2009. Formado em Economia pela Faculdade de Economia de Santos, hoje agregada à Universidade Católica de Santos (Unisantos).
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Após a operação Itaúsa/NTNB, ocorrida em 30/12/2010 e a análise do Domingos Saboya, fiquei mais esperto e passei a acompanhar os investimentos da Petros através do único documento que nos disponibilizam, o Relatório de Atividades e, na medida, que as coisas passavam e surgiam algumas reportagens sobre o cano que a nossa fundação ia tomando pelo caminho fui entendendo uma frase que o Saboya escreveu que diz mais ou menos assim; “Criminosos não deixam rastros.”
O Bertomeu colocou artigo da Isto É deste final de semana que corrobora com essa máxima. Somente quando alguém é traído é que as coisas vem à tona. Lembra do próprio Pitta, citado na reportagem e ex-prefeito de São Paulo. Foi punido porque, ao trair a esposa, se tornou alvo das denúncias dela. Aliás é uma pena que o novo traído da Camargo Correa não tenha ficado até 2010, talvez aí pudéssemos ter uma nova luz sobre os negócios praticados com a participação direta do Palloci que desaguaram na compra de ações sem qualquer liquidez da Itaúsa ON.
Evidente que não estou chamando ninguém de criminoso nesta mensagem, considerando que o sujeito só o é quando for punido no mérito. Mas, pois é, não é!, há alguma coisa em nosso RA que acuse esse valor informado pela Senadora em discurso em plenária? Ou mesmo, há alguma coisa em nosso relatório de atividades que aponte os diversos absurdos ocorridos com vários dos nossos ativos, a começar por aqueles que já provocaram perda irrecuperável exigindo uma provisão para devedores duvidosos, principalmente em negócios envolvendo cédulas de crédito bancário, de crédito imobiliário que são usados para, literalmente, emprestar legalmente em operações que mais adiante nos causam surpresa (Mas são legais!!! Mas nós tomamos prejuízo irrecuperável???)?
Afinal de onde ela tirou esses números? Não gosto de afirmar que nossos balancetes divulgados não apresentam isso sem uma resposta mais adequada, até para retrucar o discurso da senadora, se for esse o caso, ou dizer a ela que está com a razão e parabeniza-la e aos que lhe deram informação pela coragem, pois não ficaram sentados aguardando a solução cair do céu.
Assim, fiz rápido levantamento, somente em cima dos principais dados de investimento, todos baseados nas várias mensagens que postei a partir de 2010 e também do fechamento de 2013. Umas se juntam a estas por conta das várias atualizações que vou fazendo. Os valores que estou mostrando estão com suas atualização até setembro/2014, data do último RA sequencial postado (há no sistema o RA de novembro mas não publicaram o de outubro, o que tornaria meio temerário qualquer cálculo neste instante).
A provisão para devedores duvidosos, em setembro de 2014, acusava o valor astronômico de R$ 660 milhões.São os tais títulos creditórios. Nessas operações com títulos estão envolvidas várias empresas, algumas já com falência decretada (esses seguramente estão fora dessa previsão, portanto acrescem nosso prejuízo e devem ter sido devidamente enquadrados em perdas irrecuperáveis, difíceis de localizar no RA, mas que fica somente na nossa imaginação). A relação é grande, BVA, Cruzeiro do Sul, Morada, Trendbank, Banco Santos, Celpa, Grupo Galileo, Eletrosom, Usina Hidrelétrica de Apertadinho, Riviera Country Club, Inepar, essas são só as mais recentes. As falências já decretadas são difíceis de se fazer um levantamento, por falta de relatórios, a mídia detona a reportagem e a Petros sempre diz que isso não é bem assim, mas é somente assado.
A Invepar (concessionária do Aeroporto de Guarulhos), ações sem negociação em bolsa está nos causando prejuízo de mais de mais de R$1,1 bilhão, a se considerar o sobre preço pago no leilão, a perda de rendimentos que tínhamos em debêntures usados para capitalizar e bancar nossa parte no aumento de capital ocorrido na ocasião do leilão e, por último à vergonhosa manipulação que foi praticada pela gestão anterior no fechamento de 2013, quando valorizaram de forma irreal suas ações (repito, sem negociação em bolsa) em 23,68%.
A Norte Energia (Usina Hidrelétrica de Belo Monte), também sem ações negociadas em bolsa, sem qualquer previsão confiável de início de operação e, a considerar, questões contratuais em disputa, comprando energia elétrica no mercado spot e revendendo aos contratados por valor menor, teve suas ações valorizadas, também em 2013 em, irreais R$875 milhões. A Funcef, que tem o mesmo percentual nosso, avaliou sua parte em menos R$51 milhões e nossos gestores que precisavam cobrir um déficit de R$7,1 bilhões em 2013, avaliaram essa mesma quantidade em R$824 milhões.
A Sete Brasil (empresa de capital fechado, denunciada na operação Lava Jato), hoje em situação praticamente falimentar, foi outra empresa que teve valorização irreal de suas ações, mais de 72%. Essa avaliação foi de R$309 milhões, porém é quase certo que perderemos todo o investimento registrado pelo FIP Sondas (temos 17,64% das cotas). Esse valor alcança R$1,16 bilhão.
Esses 3 ativos, sequer deram algum retorno financeiro considerando o total dos ativos que neles mantemos.
O Fip Sondas é um fundo de investimento estruturado, gerenciado pela CEF que controla a empresa SETEBR, com 95% das suas cotas, a Petrobrás tem o restante, 5%. Mas é ela que manda na empresa. Não fornecem o Acordo de Acionistas que pedi via lei da transparência – a petros diz que não faz parte do Acordo e a Petrobrás diz que não tem o controle e não fornece esse Acordo porque é da responsabilidade dos fundos, mas é a petrobrás que troca seus dirigentes, dando murro na mesa.
A Itaúsa, cuja operação envolveu negócios estimados em 1/3 do nosso ativo – R$20 bilhões – em 30/12/2010 (naquele momento em torno de R$ 60 bilhões). Com a troca e venda posterior de NTNB´s para compra das ações sem liquidez, já tem prejuízo IRRECUPERÁVEL de R$1,8 bilhão. Necessário porém entender que isso vai além. Compramos ON, quando o normal, o ideal, seriam ações PN. Não temos liquidez, a correria que isso representou para se atingir o percentual de 15% para de fato ter “uma possibilidade de direito” de assento no seu Conselho (não temos qualquer acordo de acionistas assinado, portanto somos só um voto, e sem qualquer qualidade e que está nas mãos do Gabrielli, acusado na operação Lava Jato) provocou em diversos momentos compra dessas ações com sobre-preço, cálculo este difícil de se executar por falta de informação.
Não esquecer ainda que no fechamento de 2013 o valor foi puxado para R$12,70, o que provocou um aumento desse ativo em mais R$1 bilhão. Nos dois meses seguintes de 2014, janeiro e fevereiro elas voltaram para os valores reais, em torno de R$ 9,10/par.
Estamos, com Itaúsa, com um abacaxi difícil de descascar que atinge R$4 bilhões.
A Lupatech, já descrita em outras mensagens sua operação absurdamente prejudicial à fundação (o ex-diretor Newton Carneiro em audiência pública presidida pela Senadora Ana Amélia, havia afirmado isso, mas em outras palavras), está à beira da insolvência, suas ações compradas por nós inicialmente, valiam R$60,00/par, hoje seu valor está em R$ 0,05 cada uma!!! O valor estimado dessa perda, se corrigido vai bater mais de R$600 milhões.
A Carteira de Ações FIA III – a que tem somente ações ON Vale, compradas na privatização da empresa, já foi uma operação amplamente descrita aqui. Em 2013 sofreram valorização de 12,40%,ou mais de R$507 milhões, enquanto as ações ON da Vale tiveram uma desvalorização no ano de 2013 de 15,54%.Isso representou uma sobrevalorização desse ativo em mais de R$1,1 bilhão.
Há também o Acordo Judicial executado com o Banco Opportunity que causou um prejuízo de R$167 milhões. Os conselheiros eleitos denunciaram à PREVIC que a Petros fez o acordo sem recorrer da decisão, só esqueceram de cobrar do como uma dívida de R$1.75 milhões, em 1998, se transformou nesse acordo milionário em 2011.
Com o Daniel Dantas eles não recorreram mas fizeram um acordo milionário. Conosco, em nossas ações de níveis, eles recorrem de todas as formas possíveis e até inimagináveis, de forma a postergar indefinidamente sua execução, gastando uma fábula com escritórios contratados e a fundo perdido que sai do nosso bolso, portanto perdido por nós – isto é outro prejuízo que não calculei. E ainda propõe acordo para os velhinhos, contando com o nosso acordo e a nossa assinatura nele, confiando que é melhor que aceitemos pois de repente podemos ir para a casa do PAI, como dia amigo meu.
As NTNB´s usadas para a compra das ações Itaúsa – não esquecer jamais que venderam títulos que nos rendiam IPCA+11,05%a.a., com vencimento em 2023, trocados por outros rendendo somente IPCA+6%a.a., com vencimento 18 meses depois, em 2024 – se tivessem sido mantidos em carteira, teriam rendido mais que os dividendos que essas ações nos pagaram até 2014. Essa perda de rendimento foi de R$313 milhões. Perdemos ainda outros R$16 milhões, quando vendemos parte deles para comprar as ações.
Por último temos a avaliação atuarial do Acordo de Obrigações Recíprocas (AOR). Esse acordo, em duas oportunidades, fechamento de 2011 e 2012 havia sofrido avaliações por parte do Atuário da Petros em percentuais elevados. A Petrobrás naquele momento não as aceitou e devolveu para a Petros refazer, o que de fato foi realizado (o Parecer do Conselho Fiscal – que pelo visto não vale nada para eles – em ambas as oportunidades já havia sido fechado – onde está a PREVIC?) . Porém em 2013, com a corda no pescoço, na iminência de um déficit colossal na Petros e sem condições políticas ou de caixa para fazer qualquer tipo de aporte, a Petrobrás permitiu e aceitou que esse acordo fosse atualizado atuarialmente em 47,06%, isso representou mais R$2,6 bilhões. A dívida – que nunca será paga – saltou de R$5,6 bilhões para R$8,2 bilhões, transformadas em acordo com a FUP traidora, em poços de gás, ao invés de títulos caucionados como previa o acordo original, estes foram liberados para serem negociados pela Petrobrás.
Para fechar com chave de caca de galinha, há ainda o prejuízo colossal que a Petros está tomando com o acordo nas ações de níveis, fechado pela Petrobrás com a FUP traidora e que vai arrombar de vez a Petros, já que a Petrobrás e a FUP não falam que o acordo é para a Petros pagar e não para a Petrobrás aportar. Esse cálculo está em R$2,2 bilhões, sem contar com o cálculo atuarial dos níveis dos que não aceitarem o acordo e dos valores pagos nessas decisões judiciais, seguramente o valor anterior MAIS QUE DOBRA.
Segundo a decisão do STF em nossa RE, não podemos mais ter qualquer amparo da justiça trabalhista, portanto não podemos aceitar qualquer acordo em que a petrobrás e a fup decidem pelos aposentados, ou mesmo a petros não pode aceitar que isso seja feito, mais outra vez, ONDE ESTÁ A PREVIC?????
Portanto meu caro Fernando, some, por gentileza os grifos verdes, veja se isso está relatado nos nossos RA´s e fico no aguardo que alguém desminta tudo isso para que eu possa cobrar o absurdo da denúncia feita pela Senadora Ana Amélia e àqueles que levaram a informação a ela.
Há uma disputa muita grande em quem começou, ou quem fez, ou quem é o culpado e poucos estão notando que o Brasil e o seu povo está com uma oportunidade rara na sua história de mudar essa mesma história, de deixar de ser um povo do jeitinho para ser um povo que olhe o futuro e o dos seus filhos com o peito aberto, livre de cangalhas. É necessário que nos isentemos de bairrismos e discutamos tudo isso de forma a colaborar com essa mudança e não a atravancar POIS A HISTÓRIA NÃO PERDOA E ATROPELA QUEM FICA EM SEU CAMINHO.