—-
Libertação da Tecnologia na Indústria do Petróleo: Era da Gasolina
// Cidadania & Cultura
Entre outras consequência da dissolução da Standard Oil, houve a inesperada libertação tecnológica do seu domínio rígido. Abriu-se logo uma brecha no refino, tentando ajudar e apoiar a nascente indústria automobilística e assim preservar o que se tornaria o mercado mais importante para o petróleo nos Estados Unidos.
Com o know-how existente no refino, o máximo de gasolina natural que um barril de petróleo bruto podia render por meios naturais era 15% a 18% do produto refinado total. Isso não tinha importância quando a gasolina era quase um produto desperdiçado, uma fração explosiva e inflamável para a qual dificilmente havia mercado. Todavia, a situação havia mudado, rapidamente, com o acelerado crescimento do número de carros propelidos a gasolina.
Em 1910, as vendas de gasolina excederam pela primeira vez as de querosene e a demanda aumentava rapidamente. A Era da Gasolina estava ao alcance, mas a crescente escassez de combustível era uma grande ameaça para a nascente indústria automobilística. Seus preços aumentavam em todo mundo.
Por volta da virada do século, uma nova era começou em ritmo acelerado na indústria do petróleo. Nasceu de várias coincidências:
- a rápida ascensão do automóvel;
- a descoberta de novas províncias de petróleo no Texas, em Oklahoma, na Califórnia e em Kansas;
- novos concorrentes; e,
- por fim, avanços tecnológicos no refino.
Acresça-se a tudo isso, é claro, as implicações em longo prazo da dissolução da Standard Oil e a consequente reestruturação da indústria.
As ações das companhias sucessoras da Standard foram distribuídas pro rata entre os acionistas da holding Standard Oil of New Jersey. Se o polvo havia sido desmembrado, as suas partes logo iriam valer mais do que o todo.
Um ano depois da dissolução da Standard Oil, o valor das ações da maioria das companhias sucessoras havia dobrado. No caso da Indiana, havia triplicado. Ninguém se saiu tão bem ou tão rico desse negócio quanto o homem que tinha um quarto de todas as ações: John D. Rockefeller. Depois da dissolução, devido ao aumento do preço das várias ações, seu valor individual elevou-se para 900 milhões (o equivalente a nove bilhões atuais) de dólares!
Em 1912, Theodore Roosevelt, há quatro anos fora do poder, estava novamente na corrida pela Casa Branca, e mais uma vez a Standard Oil era seu alvo. “O preço das ações subiu mais de 100% e assim o sr. Rockefeller e seus colegas efetivamente viram a sua fortuna dobrar”, bravejava durante a campanha. “Não é de se admirar que a oração de Wall Street agora seja: ‘Oh, Deus misericordioso, dê-nos outra dissolução’!”.
Fonte: Daniel Yergin. The Prize: The Epic Quest for Oil, Money and Power. São Paulo, Paz e Terra, 2010. 1077 páginas.
—-
Shared via my feedly reader
Descubra mais sobre Intelligentsia Discrepantes
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.